A hora de “passarinhar” é uma das mais adoradas por quem trabalha em meio à natureza, algo que até já se tornou esporte para muitos, ganhando o nome de birdwatching. Quem é adepto, possui olhar e ouvido atentos para identificar a espécie. E neste mês, pouco tempo depois do flagrante do gato-palheiro, dois pássaros nunca antes registrados em Mato Grosso do Sul foram avistados.

Foto: Dione Sales/Arquivo Pessoal
Foto: Dione Sales/Arquivo Pessoal

Ambos agora estão na wikiaves, que reúne a maior comunidade de observadores de aves do Brasil.

O mais recente foi divulgado na plataforma na última terça-feira (13), sendo a casaca-de-couro-da-lama, de nome científico Furnarius figulus, que estava no município de Jateí, a 268 km de Campo Grande.

Com uma câmera Coolpix P1000, o guarda e estudante de biologia, Dione Sales, de 32 anos, avistou o pássaro. “Eu entrei na faculdade pela paixão mesmo, que eu desenvolvi pela natureza e os animais. Isso tudo trabalhando no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, então, é muito gratificante trabalhar e divulgar as espécies. Aqui, fechamos em 340 espécies diferentes, é uma diversidade muito grande”, argumentou.

Socoí-amarelo também não tinha registro em plataforma

Pássaro foi catalogado em plataforma dos adeptos ao birdwatching. Foto: Dione Sales/Arquivo Pessoal
Pássaro foi catalogado em plataforma dos adeptos ao birdwatching. Foto: Dione Sales/Arquivo Pessoal

Dias antes, no mesmo local, Sales já havia feito o registro do socoí-amarelo, de nome científico Ixobrychus involucris.

“Na plataforma, também foi o primeiro registro para Mato Grosso do Sul. E nesta mesma semana eu também flagrei uma onça-parda e é sempre uma emoção diferente”, argumentou.

Veja o vídeo do pássaro em parque de MS:

Imagens: Dione Sales/Arquivo Pessoal

Animal raro e em extinção

No mês anterior, Dione avistou um gato-palheiro, melânico e com seu filhote. “Foram segundos incríveis. Este é um bicho super arisco, então, foi bem emocionante. E ele é raro de se ver, ainda mais o melânico e com um filhotinho. Estou fazendo fotos aqui há uns quatro anos e esta não foi a primeira vez que vi o gato-palheiro, só que o outro tinha a coloração normal”, afirmou Sales ao MidiaMAIS.

Registro do gato-palheiro em cidade de MS. Foto: Dione Sales/Arquivo Pessoal
Registro do gato-palheiro em cidade de MS. Foto: Dione Sales/Arquivo Pessoal

Para especialistas, é como “ganhar na mega-sena ambiental” avistar um gato-palheiro. O biólogo e doutor em ecologia e conservação, José Milton Longo, explica que este animal geralmente vive em densidades bastante baixas e é um felino “bem arisco”, ainda mais nesta condição, a melânica.

“É bastante raro. A vantagem é que tem este parque estadual de Ivinhema, que garante ainda áreas para sobrevivência destes animais, os quais necessitam de hábitats mais específicos. Que bacana [o avistamento]. É, de fato, um grande prêmio de loteria, uma mega-sena do meio ambiente. Pode ser interpretado assim pela raridade da ocorrência”, afirmou na ocasião.