Na Coophatrabalho, feira do ipê amarelo tem de jeans que ia para o lixo a delícias caseiras
A pracinha na frente do Colégio Militar, antes desocupada e motivo de reclamação por falta de manutenção, hoje é orgulho para muitos moradores do bairro Coophatrabalho, em Campo Grande. Cheia de vida e com grama verdinha, agora é também palco da feira do ipê amarelo, a qual oferece centenas de produtos, entre eles bolsas e […]
Graziela Rezende –
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A pracinha na frente do Colégio Militar, antes desocupada e motivo de reclamação por falta de manutenção, hoje é orgulho para muitos moradores do bairro Coophatrabalho, em Campo Grande. Cheia de vida e com grama verdinha, agora é também palco da feira do ipê amarelo, a qual oferece centenas de produtos, entre eles bolsas e nécessaires que iriam para o lixo até delícias caseiras.
Lá atrás, há 4 anos, foi a servidora pública estadual e pastora, Márcia Meira Machado, de 57 anos, é quem deu o pontapé inicial. “Eu trabalhava no posto de saúde do Lar do Trabalhador, como arte terapeuta. Lá atendi muitos casos de mulheres com depressão e síndrome do pânico, a maioria delas com mais de 50 anos. Nós começamos a mexer com fuxicos, bordados, a fazer reciclagens, até que comecei a pensar em uma forma delas ganharem dinheiro”, relembrou.
No entanto, naquele momento, uma ordem da chefia barrou o andamento do projeto. “O gestor disse que não poderíamos vender nada lá. Fiquei triste um tempo, até que fui em um passeio em Goiânia. Lá eu via a feira do sol, feira da lua, feira de tudo quanto é jeito. E tinha uma senhora lá, a D. Antônia, de 75 anos. Ela não sabia nem ler e nem escrever, mas, coordenava uma feira em uma praça lá como ninguém”, contou.
Durante uma conversa, Márcia diz que ouviu da idosa o que seria o seu propósito. “Ela me disse que lá tinha cerrado e perguntou: ‘E lá na sua terra, o que tem?’. Foi quando eu disse que a gente tinha ipê amarelo e ela falou: ‘Pois volte para a sua terra, floresça e seja um ipê amarelo lá’, falou, emocionada.
Feira começou com 10 mulheres e hoje tem 200 cadastradas
Ao chegar em casa, buscou alternativas na Coophatrabalho, onde mora há mais de 30 anos. “Eu fui atrás de diversos órgãos, porque a praça estava desestruturada, não tinha quem limpasse. Eu consegui então dar andamento, compramos um kombi antiga, pintamos e iniciamos a feira. Eram dez mulheres, hoje são centenas, chegam a 200 cadastradas”, argumentou, orgulhosa.
Desta forma, uma vez ao mês, a Feira do Ipê Amarelo acontece na praça do bairro, no cruzamento das avenidas Presidente Vargas com a Florestal. A feira inicia às 10h e se estende até às 17h.
A aposentada Roma da Silva, de 69 anos, estava ao lado da Márcia, desde o início. Ela brinca que foi a “primeira fuxiqueira da mamis”, já que fazia fuxico para desestressar e apelidou a pastora de “mamis”. “Eu sempre fui esquentadinha, sem paciência, então ela me ajudou demais. E aqui na feira é muito bacana, todo mundo expõe os seus produtos e vende”, ressaltou.
Artesã reaproveita jeans para fazer diversas peças
A artesã Ruth Sanches, de 55 anos, faz “uma viagem” do bairro Aero Rancho até a feira, mas, diz que vale muito a pena.
“Eu comecei a participar daqui quando minha filha estava tendo um colapso nervoso. Isto me afetou muito e o trabalho aqui me ajudou demais. Era um encontro com amigas. Hoje faço meus trabalhos, com materiais que iam para o lixo, como o jeans por exemplo, que demora um século para se decompor”, falou.
As amigas Margareth Butkenicius e Terezinha da Cruz também participam da ipê amarelo com um brechó solidário. “Nós vendemos peças aqui por R$ 5, R$ 10, vai tudo para um projeto que temos com crianças carentes. Faz dois anos que estamos aqui e a gente adora”, comentaram.
Já a administradora – agora empreendedora – Taynara Soares, de 34 anos, deixou o emprego formal para atuar com os doces. Há 8 anos, ela tomou a decisão e hoje percorre feiras e pontos fixos para vender bombons e outras delícias feitas do milho, a mais recente ideia que ela teve e que está dando super certo.
“Vi a receita há 3 anos, na época de festa junina e está dando super certo. São bombons de chocolate branco e milho. Quem come é só elogios. Mas também ofereço a cápsula de capuccino e os bombons tradicionais. Aqui na feira, muitas vezes, a gente não vende tanto, mas, fazemos muitos contatos e é ótimo por isto”, ressaltou.
A artesão e empreendedora Lucienne Lopes, de 54 anos, participa de feiras na capital sul-mato-grossense há 12 anos. “Vim de Corumbá e lá montei uma cooperativa. Aqui também fui selecionada para uma incubadora. O meu trabalho é bem aceito graças a Deus e já ajudei muitas meninas também”, explicou.
Na feira do ipê amarelo, ela expõe porta moedas, mochilas, bolsas e até chaveiros, tudo feito de forma artesanal. “Eu uso uma lona de algodão, um material reciclável que eu higienizo, tinjo e mando bordar. É tudo personalizado, tanto para turistas como quem mora aqui”, finalizou.
Quem quiser visitar a Feira do Ipê Amarelo saiba que ela ocorre a cada segundo sábado do mês. Mais informações com Márcia, pelo telefone: (67) 99145 – 5993.
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