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Com estreia de Pantanal, Globo ‘come no prato em que cuspiu’ 30 anos atrás

Globo menosprezou, jogou Pantanal no lixo, se arrependeu, e agora repara erro dando tratamento de luxo
João Ramos -
remake de pantanal
Atores Guito e Marcos Palmeira, como Tibério e José Leôncio no remake de "Pantanal" - (Foto: Reprodução/Instagram)

O mundo dá muitas voltas… Depois de jogar “Pantanal” no lixo, se recusar a fazer a novela, e ainda liberar o autor Benedito Ruy Barbosa para tocar o projeto na TV Manchete, desacreditando totalmente da força da obra, a hoje repara um erro considerado histórico e come de maneira farta no prato em que cuspiu no passado.

Para quem não sabe, Benedito Ruy Barbosa, o criador da história e famoso autor de da Globo, teve a ideia de escrever “Pantanal” em 1983, após finalizar o sucesso “Paraíso” (1982), quando estava numa pousada do cantor Sérgio Reis.

Influenciado pelo cantar dos pássaros, Ruy Barbosa então quis levar aquilo para a televisão, em um drama familiar e rural, do jeito que ele sabe escrever. Funcionário da Globo, o veterano já tinha feito vários sucessos e apresentou a proposta insistentemente por anos, sendo recusada todas as vezes.

Ele chegou a propor “Pantanal” para Silvio Santos, no SBT, que até gostou da história, mas preferiu colocar outra novela no ar. Depois de tantas recusas, a oportunidade que Benedito tanto esperava bateu à sua porta quando Jayme Monjardim, que dirigia alguns produtos de dramaturgia na Manchete, jogou a isca:

“Vem pra Manchete que eu coloco sua ‘Pantanal’ no ar e em horário nobre”, segundo relato do próprio escritor em depoimento ao livro “Biografia da Televisão Brasileira”. Ainda contratado da Globo, Ruy Barbosa pediu liberação para deixar o canal e ir para a concorrente executar o projeto.

Erro reconhecido

Sem achar que a obra faria cócegas em sua programação, a Globo o liberou sem maiores complicações. O que ela não imaginava é que o folhetim bateria de frente com a novela das oito “Rainha da Sucata” e seria uma forte concorrente, incomodando — e muito! — tanto em Ibope, quanto em repercussão.

Em 1990, quando a primeira versão foi exibida, Benedito declarou que a Globo não quis fazer sua novela porque os atores da emissora não estavam preparados para gravar em Mato Grosso do Sul.

“Diziam que atriz da Globo não mija no mato. Mas para gravar no Pantanal, tem que mijar no mato, se for o caso”, contou Ruy. “Na Manchete, o elenco deu um show, e não tivemos uma picada de cobra, nada, em nove meses de gravação”, afirmou o autor à reportagem na época.

Boni, diretor da Globo naquele tempo, reconhece que foi um erro não aprovar o projeto quando Benedito o apresentou, alegando que era inviável: o resultado foi o sucesso do canal concorrente. Boni afirmou que também vetou a proposta de gravar “Pantanal” porque a produção teria um custo alto, com um orçamento de proporções inviáveis. “As gravações demandariam uma semana de produção para cada capítulo em uma época em que a gente conseguia gravar três capítulos no mesmo tempo”, disse.

Um sonho

Apesar do inquestionável fenômeno na Manchete, o sonho do escritor sempre foi ver sua história feita pela e exibida por esta emissora, devido ao alcance majoritário que o canal sempre teve.

Em 2008, o SBT reprisou “Pantanal” depois de ter adquirido alguns produtos da massa falida da Manchete, contra a vontade de Ruy Barbosa. O autor travou uma briga com Silvio Santos, já que queria seu folhetim nos estúdios globais e aquilo era um impedimento.

Após 32 anos, muitos “nãos”, Benedito realiza seu sonho e a Globo come no prato em que cuspiu, usando “Pantanal” para alavancar a audiência derrubada por “Um lugar ao Sol”, que saiu de cena registrando o pior Ibope de todos os tempos para uma novela da faixa.

Pantanal: da lixeira para o horário mais nobre do canal

Depois de ter jogado “Pantanal” no lixo e entregado de mão beijada para a Manchete, a emissora arrependida trata a trama como verdadeira menina dos olhos e galinha dos ovos de ouro. A aposta é alta, com massivas ações de marketing, vistas poucas vezes com tamanha intensidade.

O canal que alegava não ter dinheiro para produzi-la deixou uma emissora com menor poder aquisitivo se arriscar e colocar o projeto no ar, colhendo bons frutos, percebeu seu erro, fez de tudo para repará-lo e agora faz o que deveria ter feito há quase quatro décadas.

A Manchete faliu e encerrou suas atividades em 1999, mas muitos acreditam que a derradeira da empresa começou a acontecer quando a caríssima “Pantanal” foi produzida.

Finalmente na Globo, o remake de “Pantanal” estreia nesta segunda-feira (28), logo após o Jornal Nacional, como o principal produto de dramaturgia do país: a novela das nove. O sonho de Benedito Ruy Barbosa saindo do papel… aos 91 anos, o novelista vê sua obra como uma megaprodução exatamente onde queria: da lixeira para o horário mais nobre do canal, e adaptada por seu neto Bruno Luperi, sob sua supervisão.

Querida para os sul-mato-grossenses por ser ambientada em MS, “Pantanal” levará a regionalidade para o Brasil e abrirá portas para que novos interiores despontem na principal emissora do país e, até mesmo, para mais novelas em Mato Grosso do Sul.

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