Enfermeira surpreende em hospital de MS com ‘árvore da vida’ feita da placenta de mães: ‘É um momento único’
Profissional chegou do RJ há 10 meses e está revolucionando com métodos considerados ‘muito humanos’
Graziela Rezende –
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Se a enfermeira, diante daquele momento todo de alegria e desconforto, logo após o parto, entregasse só a árvore da vida, já seria um lindo gesto. Agora, imagina então, quando a mãe descobre que o desenho foi feito com a placenta dela e ainda contém todos os dados do bebê… mais humano? Impossível! Aliás, humana é a palavra que mais define Ranielle da Silva Araújo, de 36 anos, por todo o cuidado que tem com as pacientes e a revolução que está causando no hospital em que atua, em Corumbá, a 413 quilômetros de Campo Grande.
Inclusive, ao começar a entrevista, houve até a pergunta se ela estava pronta para “causar intriga” entre as grávidas, principalmente porque a enfermeira somente presenteia as pacientes no próprio plantão e isso, ainda, quando é possível, pois, existe todo um trabalho cuidadoso de retirada da placenta, pintura, escrita dos dados do bebê e a entrega para a mãe.
“É um momento único na vida delas. Eu pego a placenta da mãe e faço o registro, adicionando os dados do bebezinho. O pessoal da enfermagem, logo que soube, elogiou muito pelo diferencial. E as pacientes ficam superfelizes, é uma surpresa para elas. E não é um trabalho fácil, porque preciso pegar as ramificações da placenta e colocar no papel vegetal. Depois, o próprio sangue é que vai fazendo o formato da árvore da vida”, afirmou ao Jornal Midiamax a enfermeira.
Enfermeira veio do RJ e trouxe vários métodos para MS
De origem carioca, Ranielle está em Mato Grosso do Sul por conta da transferência do marido, que é militar da marinha. Há 10 meses, foi contratada e passou a atuar na ala obstétrica da Santa Casa de Corumbá. Na bagagem, a profissional trouxe tudo o que aprendeu em empregos anteriores, como pinturas feitas nas barrigas de gestantes, a árvore da vida com a placenta, que depois se torna um quadro, entre outros gestos que eternizam momentos na maternidade.
“Eu fico acompanhando os partos e é um trabalho intenso, bem corrido. Temos 2 enfermeiras por plantão e a rotatividade é muito grande. Mas, sempre que dá, eu pego a placenta e faço. É claro que precisa de uma boa quantidade do fluxo sanguíneo, de posição, só que entrego e logo elas ficam superfelizes. Em seguida, o trabalho continua. Precisamos estimular a amamentação e cuidar da gestante”, explicou Araújo.
Pai também recebeu ‘tatuagem’ simbólica do pezinho do bebê
Na última semana, além das mães, Ranielle teve ainda mais sensibilidade e tatuou o pezinho de um bebê, de forma simbólica, no braço de um pai. “Acho essencial ter esses momentos na rotina que, para nós, é sempre a mesma, só que para as pacientes não. Elas levam pra casa parte delas mesmas e existem mães que mandam fazer até comprimidos para ingerir da própria placenta. Outras levam para enterrar em casa, é algo bem interessante”, contou.
Logo que chegou na Santa Casa, a enfermeira fala que presenciou exames de coleta de sangue nos bebês e solicitou mudanças na gerência. “Nós começamos há pouco a coleta de sangue do cordão umbilical. Isso diminui custos, teve cobertura do SUS (Sistema Único de Saúde) e as mães já saem com a tipagem sanguínea do bebê. Também solicitei, recentemente, a implantação dos testes dos RN’s, orelhinha e o coraçãozinho. As mudanças vêm aos poucos, mas, é tudo sugestão para melhorar”, argumentou.
Em troca de tanto amor e dedicação, Ranielle fala que “um sorriso já basta”. “É até engraçado, porque eu tive oportunidade de fazer medicina, mas, estou na área onde eu queria estar. Muitas vezes a enfermagem não é valorizada, só que um elogio que eu recebo, um sorriso, uma palavra de gratidão, eu já fico feliz. Tenho apoio do meu marido também. Ele me admira acima de tudo e aí consigo conciliar o trabalho com ele e a criação das nossas filhas, de 11 e 2 anos”, avaliou.
Buscando sempre inovação, a enfermeira conta ainda que está também adquirindo produtos para o parto humanizado. “São métodos não farmacológicos de alívio da dor no trabalho de parto, onde fazemos massagens com óleos específicos para promover o relaxamento e a melhora da dor. Trabalhamos com exercícios na bola suíça, na banqueta e banho morno. Eu e uma médica já fizemos até a playlist das músicas, trabalhando a musicoterapia”, finalizou.
Pacientes enviam mensagens para enfermeira após alta médica
Na maioria dos casos, as pacientes fazem elogios ao trabalho da enfermeira e também pedem o contato dela, para enviar mensagens de agradecimento. “Falei com minha mãe o quanto vocês foram essenciais pra que eu conseguisse e sinto que foram usadas por Deus para me ajudar. Preciso tirar uma foto da Manu com você para guardar de lembrança. Muito obrigada mais uma vez”, disse a mais recente.
Muito contente, o esposo da enfermeira também faz questão falar sobre o trabalho dela. “Acho ela uma profissional incrível, dedicada, admiro também o seu lado profissional. E aprendi muito do cuidado de enfermagem da gestante e da puérpera com você. Fico muito feliz e todo orgulhoso também da mulher batalhadora e que conquista o seu espaço”, finalizou o marido.
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