Com tesoura e navalha, Lucas faz antes e depois de deixar clientes chocados
Barbeiro deixou faculdade de engenharia para se aperfeiçoar na nova profissão. Em Campo Grande, desenvolve técnica visagista para transformar o visual dos clientes
Graziela Rezende –
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Fazia um ano que Lucas Marcelo Monteiro Lima, de 24 anos, cursava engenharia e inclusive fazia estágio em obras, porém, o que realmente chamava a atenção dele eram vídeos no YouTube, os quais mostravam a transformação de pessoas pelo corte de cabelo ou barba. Certo dia, o sonho falou mais alto e ele desistiu da faculdade para se aperfeiçoar em outra área: barbearia. Em Campo Grande, desenvolve uma técnica visagista e usa as redes sociais para mostrar que, uma linha feita minuciosamente durante um corte, por exemplo, já pode transformar o visual do cliente.
“Eu fazia engenharia civil, até estava estagiando já, mas, não era o que eu gostava de verdade. Assistia vídeos, curtia demais. Teve aquele boom de barbearias, há 4 anos, quando eu realmente decidi mudar de profissão. Nós usamos a proporção áurea para deixar o rosto do cliente o mais harmônico possível. E realmente um assunto complexo, mas, conversamos bastante, fazemos uma consultoria para entender qual a imagem que ele quer transmitir”, afirmou ao MidiaMAIS.
Por meio do visagismo, Lucas faz uma consultoria com os clientes. “Fui até Minas Gerais para aprender a técnica e aí a gente leva em conta vários fatores: como é a vida, personalidade do cliente, formato de rosto, cabeça, vários aspectos para criar um corte e barba que faça sentido para ele. Vinha estudando já e terminei mais este curso em agosto do ano passado. Faz pouco mais de um ano que estou nestas consultorias e vejo o público masculino se interessando, cada vez mais, por estas mudanças”, comentou.
Desta forma, Lucas ressalta que o corte de cabelo e a barba vão realmente expressar a imagem, algo especificamente criado para esta pessoa. “Não tem aquela de chegar com uma foto e falar: ‘Faz igual, faz igual deste famoso’. Não, a consultoria visagista é algo específico, aprofundado, algo interno representado no cabelo e barba dele. A maioria quer transmitir confiança, autoridade e força na vida profissional, uma imagem certeira mesmo feita através de linhas e formas, algo baseado em estudos que representam isto”, argumentou.
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Quem se interessar pelo serviço, segundo o barbeiro visagista, vai passar cerca de duas horas em consulta e desembolsar, em média, R$ 300. “No primeiro horário vamos conversar, pegar todas as informações, entender o que incomoda e, na hora seguinte, executamos o serviço. Em alguns casos, o resultado é imediato e, em outras, vai depender do crescimento do cabelo do cliente e tudo mais. Alguns demoram dois meses até conseguir o esperado, como é o caso de um que estou atendendo agora”, explicou.
‘Hoje minha imagem é outra’, diz servidor que passou por consulta visagista
O servidor público estadual, Fernando de Castro Ferreira, de 34 anos, passou por uma consultoria com o barbeiro há 8 meses. “Eu já frequentava a barbearia, já era cliente do Lucas, quando ele apresentou a técnica. Pesquisei sobre o assunto e me interessei, fui tentar entender melhor até que decidi fazer a consulta. São feitas diversas perguntas mesmo, até com relação a aspectos pessoais e profissionais. Eu recebi então uma proposta de mudança e fiquei bastante contente com o resultado”, garantiu.
De acordo com Fernando, a intenção era transmitir uma imagem mais profissional. “O efeito foi muito positivo. Os elogios foram imediatos. As pessoas falavam do rosto mais jovem e hoje a imagem é outra. É aquela coisa da imagem mandando uma mensagem, a primeira imagem é a que fica. E você gerenciando essa imagem através do visagismo é excelente. Se você não tem isso, talvez, esteja enviando algo que não queira ou não seja o ideal”, argumentou.
Quando o visagismo surgiu?
Lucas ressalta que a técnica é extremamente antiga. Foi Fernand Aubry, em 1936, famoso cabeleireiro e maquiador francês, o primeiro a conceituar o termo visagismo. Por meio de seu trabalho, buscou demonstrar e revelar a beleza de cada mulher. Ele disse: “Não há mulheres sem beleza, mas belezas ocultas e não reveladas”.
Na época, Fernand teria encontrado inspiração para criar e desenvolver esta ferramenta ao conhecer um jardineiro. Após um diálogo, em que o homem se identificou como paisagista, Aubry passou a diferenciar as funcções e também buscar um diferencial, ressaltando que a maquiagem e o corte iriam valorizar ainda mais a mulher, sendo ele um projetista. A inspiração vinha da natureza também, segundo ele.
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