Arte e resistência: mural com crítica ao aumento da gasolina é vandalizado no centro de Campo Grande

O anúncio do aumento da gasolina assustou os brasileiros nos últimos dias, e não é por menos. O que já estava caro, ficou ainda mais. Em Campo Grande, o litro da gasolina também sofreu mudanças. Pensando nisso, um artista da capital resolveu expressar a indignação da população por meio da arte. Em poucas horas, o mural localizado no centro da cidade foi vandalizado.

Três dias após o aumento feito pela Petrobrás e mesmo com alteração no ICMS (Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços), sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, gasolina é encontrada por até R$ 6,99 na Capital. O valor percentual da gasolina foi de 18% e o do diesel, de 25%. Na prática, isso significa um aumento de R$ 0,60 no litro da gasolina e mais R$ 0,90 no litro do diesel, fazendo a primeira chegar e até ultrapassar o preço médio de R$ 7 nas bombas e a segunda a R$ 6,30. 

Assim, a ideia da arte surgiu com a revolta do aumento abusivo da gasolina. “Minha arte não é objeto decorativo, ela está aí para questionar, e na maioria das vezes só conseguimos que os cidadãos reflitam com uma mensagem contundente, e nada melhor do que a arte urbana para fazer esse veículo de comunicação com as pessoas”, afirma o artista ao MidiaMAIS, que preferiu não se identificar.

“Quando faço um trabalho desse tipo não busco aceitação do público, e sim causar um momento de reflexão. Apesar disso muitas pessoas apoiaram a mensagem e entendem a importância desse tipo de intervenção nos dias que vivemos”, explica. 

Arte e resistência

O artista ainda completa afirmando que gostou que seu mural tenha sido modificado, uma vez que reflete toda a crítica feita até então.

 “Isso comprova a eficácia da arte e se incomodou é por que alguém teme que a verdade seja exposta aos cidadãos. Esse ato de vandalismo só agregou ao conceito do trabalho”, comemora.

Ainda de acordo com o artista, a arte de rua é um grande instrumento de informação e expressão na luta da população durante a história do país. Um exemplo disso é o movimento Tropicália na época da Ditadura Militar, em 1967.

“Nada melhor e mais objetivo do que a arte para se comunicar com as pessoas. Parafraseando Caetano Veloso: ‘a arte sempre resistiu a todas as ditaduras’ ” , conclui o artista de Campo Grande.