Grupos de leitura estimulam e tornam menos solitária a experiência de ler em Campo Grande

Qualquer pessoa pode participar dos grupos de leitura, e o melhor: todos eles são gratuitos

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Participantes compartilham suas impressões e experiências ao lerem as mais variadas obras
Participantes compartilham suas impressões e experiências ao lerem as mais variadas obras

Ler e ter alguém para comentar o livro faz toda a diferença, principalmente quando a história é boa demais para não ser dividida ou compartilhada com outra pessoa. O mesmo vale para quando a obra é terrível e gera revolta e indignação — desabafar sobre o ódio sentido com quem saiba do que se está falando conta bastante na experiência da leitura.

Em Campo Grande, clubes de leitura tornam a prática menos solitária e inclusiva, incentivando os membros a lerem e debatendo sobre obras coletivas ou individuais. Um dos projetos na Capital Morena é o “Leia Mulheres”, grupo no qual os participantes só leem autoras femininas, assim como o nome sugere.

“O ‘Leia’ é um projeto nacional. Na verdade, internacional, porque já tem até grupo de leitura em Berlim e acho que em Lisboa. Aqui em Campo Grande, a gente tenta manter esses encontros mensalmente. Desde o início da pandemia estamos online, o que, de certa forma, nos permitiu acolher pessoas de outras cidades. Então temos pessoas de Corumbá, de Naviraí… na última reunião, o ‘Leia Mulheres Campo Grande’ se uniu ao ‘Leia Mulheres Corumbá’ e a gente fez um debate da mesma leitura. Foi muito bom”, conta a mediadora Evelise Couto.

 
 
 
 
 
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O que precisa para participar? Vontade, segundo a mediadora. “O ‘Leia’ é aberto a todos os gêneros, as pessoas ficam com medo, não é um grupo de mulheres. Para participar você tem que ler o livro do mês que a gente sempre posta ali no Instagram, ficar de olho na data da reunião e eu coloco o link ali na bio. Ou a pessoa pode entrar em contato pelo direct, não tem problema”, explica.

“No ‘Leia’ a gente só lê escritoras mulheres, para dar visibilidade para essas escritoras que historicamente foram apagadas. Um exercício que eu sempre falo para as pessoas fazerem é olhar na estante de livros mais perto e ver quantos livros escritos por mulheres têm ali. Normalmente tem poucos ou nenhum, então o ‘Leia’ vem para dar essa visibilidade”, relata Evelise ao MidiaMAIS.

Por enquanto, as reuniões continuarão acontecendo no espaço virtual e não há previsão de voltarem a ser presenciais.

Vórtice Literário

Outro grupo de leitura em Campo Grande, mais abrangente, o “Vórtice Literário” muda o esquema e, ao invés de todo mundo junto fazer a mesma leitura, cada pessoa leva sua sugestão no dia da reunião. “É um encontro em que as pessoas vão sugerir livros que eles leram nos últimos tempos, ou algum livro que já leu antigamente. Então, você sai da reunião com um monte de sugestão de livro. É muito legal porque ajuda a combater o preconceito literário”, conta Evelise, que também faz parte da mediação do “Vórtice”.

“Vou dar um exemplo pessoal, eu não gosto de livro de autoajuda, mas uma vez uma participante levou um livro, que se eu tivesse visto na loja eu ia torcer o nariz, porque é de autoajuda, e eu achei superinteressante. Então, acabei dando uma chance para ele”, revela a mediadora. “Acontece também de uma pessoa levar um livro e outra pessoa também leu, aí as pessoas discutem sobre a obra e acham novos significados. É muito legal pra quem fala ‘ah, queria ler alguma coisa, mas não sei o que’, então o grupo ajuda muito nisso”, diz ela.

 
 
 
 
 
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Vórtice cinematográfico

O “Vórtice Literário”, de vez em quando, muda o foco da leitura, e, ao invés dos membros levarem uma sugestão de livro, apresentam sugestões de filmes, seriados, documentários, etc. “Essas reuniões surgiram, principalmente, com a pandemia, porque muitas pessoas perderam o ritmo de leitura com a crise. Tinha gente que não conseguia ler mais, porque ficava desconcentrado, mas filme e seriado as pessoas continuaram assistindo, né? Então, pensamos que seria legal e são reuniões muito boas”, declara.

Para participar, o procedimento é o mesmo do “Leia Mulheres”: ter vontade e ficar de olho na programação no Instagram do Grupo Vórtice Literário. As reuniões são mensais e todo mundo pode participar. “É no formato online. Antes da pandemia era presencial, mas aí foi para o online e assim vai indo”, avisa a mediadora.

Clube Sesc de Leitura

O incentivo ao saber e à prática da leitura está em alta. O Sesc também tem um clube para fomentar a atividade na Capital. O Clube Sesc de Leitura iniciou de forma presencial no início de 2019, antes da pandemia, e se adaptou para encontros virtuais pela plataforma Google Meet ou em alguns encontros com transmissão via Facebook.

“Os livros são escolhidos de forma coletiva com os participantes. Inicialmente as leituras foram de clássicos da literatura brasileira, depois ampliando para autores da literatura mundial e literatura de autores locais. Pelo clube já passaram livros de romance, contos, poesia e dramaturgia”, esclarece o Analista de Biblioteca, Fábio Queiróz, ao Jornal Midiamax.

Os encontros acontecem um sábado por mês, sempre às 15h e contam com um convidado especial para falar sobre o livro. O objetivo, segundo Fábio, é estimular pessoas a experiências com a leitura literária e difundir autores e gêneros literários.

Para participar, o Sesc pede que a pessoa seja apenas maior de 16 anos. “Basta ter um e-mail do Google (gmail) e acompanhar as divulgações pelo site e pelas redes sociais do Sesc Cultura MS nas redes sociais, Instagram e Facebook”, orienta o analista.

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