Neste domingo, 1º de agosto, é celebrado o Dia Mundial da Amamentação para colocar em pauta a importância do aleitamento materno e a necessidade da criação de bancos de leite, garantindo, dessa forma, maior desenvolvimento e qualidade de vida para as crianças. Pensando nisso, o Midiamax conversou com duas mães que estão na fase de amamentação para falar sobre esse momento tão importante que, além de envolver a nutrição do bebê, é também um momento de conexão entre mãe e filho.

A jornalista Gabrielly Gonzalez, de 26 anos, é mãe da Elisa Gonzalez, de 2 anos e 5 meses. Sempre fã do “peito”, Elisa está se acostumando a mamar somente na hora de dormir depois de muito tempo sem deixar a mãe de lado.

“A amamentação tem diversos benefícios na saúde da criança, tanto físico quanto emocional. Porque ela não mama só de fome, principalmente agora, que já se alimenta (muito) bem. Ela mama por aconchego, por saudade, por amor. Amamentar é muito mais que fornecer alimento, é fornecer amor”, comenta Gabrielly.

Porém, nem todo mundo enxerga dessa forma. Há dois anos amamentando a filha, Gabrielly afirma que é muito triste ver outras mães que sofrem críticas por alimentar os bebês em locais públicos. Apesar disso nunca ter acontecido com ela, é uma realidade próxima.

“As pessoas criticarem e até mesmo sexualizarem um ato tão lindo como a amamentação. Ninguém julga uma pessoa comendo um sanduíche no meio da rua. Mas julga um bebê se alimentando na mãe. Somos mamíferos, faz parte da nossa essência”, diz.

Afinal, de qual outra forma a mãe vai alimentar o seu próprio filho quando estiver fora de casa? Importante para o desenvolvimento do bebê, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o leite materno deve ser oferecido por, no mínimo, dois anos. Como não tem uma idade máxima para parar, Gabrielly está respeitando o tempo de Elisa para usufruir de todos os benefícios que o leite materno oferece.

“Temos caminhado juntas neste processo, que é amamentação, enquanto estiver bom para nós duas, continuaremos”, afirma.

O mesmo acontece com Erika dos Santos Ferreira, de 18 anos, mãe da Isys dos Santos de Barros Lopes, que tem 1 mês de vida. Questionada sobre o processo de amamentação, Erika afirma que pretende amamentar a filha até os 2 anos de idade.

“O leite materno é o único alimento que fornece nutrientes importantes para o desenvolvimento cerebral, que combate infecções, protege minha filha contra bactérias e vírus, e evita diarreias. O recém-nascido, alimentado apenas com o leite materno, tende a se recuperar de doenças com mais facilidade”, reforça a jovem.

Erika também nunca passou por julgamentos na hora de amamentar a Isys na frente de outras pessoas, mas sabe que esse privilégio não é vivido por todas as mulheres.

“Eu acho isso um absurdo, mostra que temos um problema cultural, que é preciso trabalhar na sociedade o olhar de que o peito da mulher que está amamentando é o peito de uma mãe provendo nutrição”, afirma.

Diante dessas ideias culturais que ainda permeiam sobre a amamentação de bebês, especialistas reforçam que é importante que a mãe se empodere e tenha confiança no ato de amamentar para ter mais tranquilidade nesses momentos, tendo certeza de que não está fazendo nada de errado.

Isys dos Santos de Barros Lopes (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Amamentação e Covid-19

Com a vacinação avançando em Mato Grosso do Sul, inclusive para as grávidas e lactantes, a aparição de bebês com anticorpos da Covid-19 poderá ser frequente, conforme apontado pela Fiocruz.

Em MS, ainda não há registros de casos de bebês que adquiriram a imunidade contra a doença, mas isso seria apenas questão de tempo. De acordo com Alana Benevides Kohn, pediatra do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), a ciência já está de olho nos casos de bebês que nasceram com anticorpos ou adquiriram imunidade contra o vírus através da amamentação.

No país, já foram registrados casos de crianças que nasceram com anticorpos em Pernambuco, e Santa Catarina. Recentemente, também em Santa Catarina, um menino, de 2 anos, adquiriu anticorpos da doença através da amamentação da mãe, que foi imunizada com duas doses da AstraZeneca.

“Não sabemos ainda se vai ter mais efetividade de anticorpos, o que sabemos é que têm ensaios clínicos que descobriram que o igA (tipo de anticorpo) passa pela amamentação”, disse a pediatra ao Jornal Midiamax.

Benevides aponta que, ao longo dos anos e de diversos estudos, outros imunizantes já se mostraram efetivos na proteção aos bebês através do leite materno, como a vacina contra a . A pesquisa apontou que os anticorpos da Influenza permaneciam no leite humano por seis meses.

Nós, inclusive, questionamos Gabrielly sobre o seu posicionamento quanto aos estudos. “Já tomei a vacina e fico feliz com esses estudos, sabendo que há chances dela ter anticorpos do vírus, mas o desmame não era e ainda não é uma opção por aqui”, reforça.