Com filmes, películas e fitas, museu guarda história do cinema de MS
Criado no século passado, o cinema continua encantando a população. Em Campo Grande, ele é preservado pelo MIS-MS
Arquivo –
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O cinema tem um importante papel social, artístico e cultural dentro da civilização. Ele foi criado em 1895 pelos irmãos Lumière, na França. Mais de um século depois, os filmes continuam sendo objetos de encantamento ao redor do mundo. Mas sabe como é possível dimensionar isso? Por causa dos arquivos que preservam as evoluções e histórias. Em Campo Grande, essa missão fica por conta do Museu da Imagem e do Som (MIS-MS).
Além das exposições e atividades que acontecem no espaço, eles guardam um importante acervo do cinema brasileiro, em especial o sul-mato-grossense. Após mais de um ano fechado por causa da pandemia, o museu celebra a reabertura das portas ao público e recebeu o Midiamais para falar sobre o Dia do Patrimônio Audiovisual, comemorado nesta quarta-feira (27).
O MIS voltou com as atividades ao público na última segunda-feira (25), junto com a reabertura do prédio da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul). Lá, os espaços mantêm a história do cinema guardada, bem como promove ações para fomentar as atividades da atualidade.
Acervo histórico
O acervo histórico preservado pelo museu é de extrema importância para entender a vertente audiovisual no Estado em paralelo com o desenvolvimento no Brasil. A coordenadora do MIS-MS, Marinete Pinheiro, contou ao Midiamax que o arquivo funciona a título de pesquisas e consultas.
Da coleção, destacam-se dezenas de discos de vinil da música de Mato Grosso do Sul, leque variável de filmes em VHS, película e DVDs, todo o acervo da Coordenadoria do Governo Estadual, material fotográfico do “Tião” e muito mais. Dos filmes, citamos “Alma do Brasil”, “Comitiva Esperança”, com Almir Sater e, como não poderia faltar, o filme “Conceição dos Bugres”, em homenagem à artista que fez importante trabalho de esculturas em MS.
“Esse filme foi feito ainda em película nos anos 80 pelo Cândido [Cândido Alberto da Fonseca] e ele estava aqui no acervo do museu. Então, ele foi enviado para São Paulo, teve uma série de partes que precisam ser recuperadas e foi um processo quase que artesanal de recuperação para preservar a imagem”, disse Marinete. Hoje, a obra está disponível para toda a sociedade.
A digitalização dos arquivos já é uma realidade no MIS-MS, uma vez que a equipe fez parceria com a TV Cultura de São Paulo para restaurar e digitalizar obras para ficarem mais acessíveis à população. No entanto, em meio ao desuso nos materiais físicos, como filme fotográfico, Pinheiro ressalta que existe uma dificuldade de receber novos arquivos para o acervo porque os meios eletrônicos predominam no cinema atualmente.
“A gente tenta despertar no público sobre essa questão do material de arquivo e material de acervo […] É muito bacana para gente quando a gente vê um artista ou realizador que tem essa preocupação de depositar aqui o material, da gente poder preservar e guardar porque essa é a nossa memória, nossa história e a gente vê isso cada vez mais”, comenta Marinete.
E já que estamos falando de cinema, impossível não citar o ator e diretor cinematográfico David Cardoso. De MS, ele é de grande importância para a história do cinema brasileiro. No MIS-MS, existe uma sala dedicada somente a ele.
O cinema acabou?
Para David Cardoso, o cinema clássico acabou. Após 81 filmes, sendo 39 com a própria produtora, oito em Mato Grosso do Sul e cinco deles gravados aqui na região que ganharam fama nacional, o que resta hoje, dessa época dourada, é a lembrança.
“O cinema, na realidade, acabou. O Brasil tinha 4 mil cinemas há 40 anos e agora tem 1500. E tudo cinema de 100 lugares, 200 lugares, você vai ao shopping e é 25 reais o ingresso. Um pobre não pode assistir um filme […] então o encanto do cinema, o glamour do cinema, acabou”, disse David. Então, essas memórias estão preservadas no seu museu.
No acervo do cineasta, estão guardados objetos do cinema tradicional, como filmes, principalmente os que fez no Estado, bem como materiais usados em cena: chapéus do pantanal, azagaias, armas, roupas e câmeras.
“O que tem no museu são coisas que eu usei ao longo desses 56 anos de carreira. Então, é uma luta, um trabalho, tem umas coisas legais lá”, disse o artista.
Atualmente morando em Terenos, ele divide a rotina profissional e pessoal entre a capital e o interior. Ao jornal, ele afirma que está adaptando sua carreira. Agora, a grande aposta são nos shows de Stand-up.
“O sonho não pode acabar nunca, você tem que fazer da sua forma […] você vai desistir do seu sonho? De forma alguma, se você gosta de cinema, então você vai fazer uma outra forma de cinema e descobrindo um mundo novo”, finaliza o cineasta, que está feliz com a reabertura do MIS-MS.
Reabertura do museu
Com a volta do público presencial, agora o museu se prepara para implementar novas modalidades e fomentar o cinema regional. Conforme informou a coordenadora, o local está retomando com as atividades aos poucos porque precisa obedecer às normas de biossegurança. Assim, funciona com agenda reduzida.
Apesar dos portões reabertos, a programação de eventos começa apenas em novembro com o projeto “Cine Mulher”, em parceria com a Subsecretaria de Políticas para Mulheres de MS, com exibição de filmes e debates sobre questões de gênero.
Os filmes serão passados todas as segundas e sextas-feiras do mês, a partir do dia 12 de novembro e com entrada gratuita.
“Essa atividade reinicia esses trabalhos e é aberta ao público”, informa Marinete. Atualmente, o local recebe as pessoas para as duas exposições disponíveis: Mostra de Arte Digital Urbana, em parceria com o curso de artes visuais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), e a Mulheres na Música de MS.
Biossegurança
Além das regras básicas de biossegurança, o MIS-MS vai funcionar com capacidade reduzida de visitantes. A sala de cinema, por exemplo, tem 70 lugares, mas vai funcionar apenas com 35 assentos para preservar o distanciamento.
Nas salas de exposição, as visitas serão por grupos pequenos de cinco a seis pessoas. Tanto é que escolas não serão recebidas esse ano e com previsão apenas para 2022. Confira mais algumas relíquias guardadas pelo MIS-MS
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