Clientes chegam para comprar empada e se emocionam ao descobrir que ‘moço’ morreu
“Não tem como vir aqui e não lembrar dele, ele só fazia a gente rir”, lamentam campo-grandenses sobre “Moço das Empadas”
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Conhecido como “Moço da Empada”, Elton Fonseca fazia a alegria dos clientes que atendia na rua e, posteriormente, na lanchonete que montou na Coronel Antonino, em frente ao Banco do Brasil, em Campo Grande. Ele é descrito como um homem que estava sempre sorrindo, incentivador de pessoas e um cara que nunca deixava ninguém sair triste do estabelecimento.
Ao Jornal Midiamax, a viúva Thaís Kadena, de 39 anos, conta que Elton adorava conversar com as pessoas. “Era o que ele mais gostava. Poderia estar atrasado ou o que fosse, se você parasse pra conversar com ele, ele ficava ali e dava toda atenção do mundo, incentivando a pessoa que estava triste, gostava muito de ajudar todo mundo. Filme era a paixão dele, se tivesse um filme passando ele ficava a noite sem dormir pra assistir”, conta.
Tendo a empatia e a escuta como diferenciais, além da alegria espontânea e contagiante, Elton conquistou os campo-grandenses que aprovaram o salgado que lhe deu o apelido famoso de “Moço das Empadas”, que, inclusive, virou o nome do ponto de vendas dos salgados. Foram 14 anos se dedicando a oferecer o alimento acompanhado de afeto.
“Desde 2007 ele começou a trabalhar com venda de empadas. Era formado em zootecnia, mas nunca trabalhou na área e vendia os salgados nas ruas, de porta em porta. Ficou conhecido em Campo Grande inteira como “Moço da Empada” por isso. Estava sempre brincando com os clientes e nunca reclamando da vida”, relembra a esposa, ao afirmar que tudo isso, com certeza, cativou e fidelizou a clientela. Os mesmos clientes que hoje choram ao descobrir que Elton faleceu.
Infelizmente, no dia 12 de agosto de 2021, aos 35 anos, o vendedor não resistiu após 35 dias internado com Covid-19. A infecção pelo coronavírus aconteceu na semana em que Elton ia receber a vacina. O resultado deu positivo e a doença evoluiu muito rápido. Antes da pandemia, a esposa ficava na lanchonete de manhã e ele à tarde, mas com o caos da crise sanitária, Thaís precisou estar em casa o tempo inteiro, pois a filha tem a imunidade baixa e não podia ser colocada em risco.
“Mas ele se cuidava, ele parou de receber as pessoas, elas só passavam, pegavam e levavam embora. A preocupação dele era não trazer o vírus pra casa. E aí, esse ano, no começo de julho, ele começou a sentir dor no corpo e dor de cabeça. Tive febre, melhorei, aí ele começou a tossir muito. Ficou 35 dias internado, começou no Regional, aí, por falta de medicamento, foi transferido para o Hospital do Coração. Passada a fase de contaminação, eu pude visitar”, narra a viúva de Elton ao MidiaMAIS.
Os momentos no hospital eram muito difíceis e dolorosos. Ver Elton daquela maneira, desesperado para sair dali e sem conseguir falar, angustiava a família. “Mesmo sedado, toda vez que eu ia lá e falava com ele escorriam lágrimas. Ele não conseguia falar, ficava muito agitado. Quando tentava tirar o sedativo, ele tentava arrancar tudo. Aí ficou alguns dias amarrado para não tirar”, lembra Thaís.
Depois de pouco mais de um mês hospitalizado, a Covid não deu trégua e complicou toda a situação. Cansado de lutar contra o vírus, Elton veio a óbito. Recentemente, a viúva voltou a tocar a lanchonete e frequentar o local. Quando reencontra os clientes, a emoção toma conta porque tudo é muito recente e a maioria ainda não sabe que o “Moço das Empadas” faleceu.
Alguns chegam a chorar quando recebem a notícia comovente da perda do alegre vendedor. “Hoje chegou uma senhora e perguntou dele, aí eu falei que ele tinha falecido, ela começou até a chorar e falou ‘eu não acredito, eu vinha aqui só pra ouvir ele brincando, falar do filme do kung fu que a gente gostava, a gente trocava ideias de livros’… Teve um rapaz que veio no sábado e lamentou: ‘a gente vinha aqui, abria a porta do carro, ele falava pra gente escolher as músicas e ficava tocando o que a gente queria ouvir’”, diz a viúva.
Outro que também se emocionou relatou à Thaís: “Não tem como vir aqui e não lembrar dele, ele só fazia a gente rir”. A tristeza pela perda do “moço” é um soco no estômago para a família e para as pessoas que tiveram a oportunidade de se contagiar com seu astral.
Budista, Elton foi cremado no dia 17 de agosto. Durante a cerimônia de cremação, um vídeo em sua homenagem foi exibido e emocionou quem estava presente. Casado com Thaís há 14 anos, eles tiveram Ayane, a menina de 8 anos que agora também precisa lidar com a ausência do pai, que a levava ao parque nos finais de semana e ficava sempre ao seu lado.
As cinzas de Elton terão um destino especial. “Como somos budistas, tem um memorial lá na sede em São Paulo e vamos levar [as cinzas] o ano que vem, quando eles voltarem a receber presencialmente. Ele vai ficar guardado no memorial da BSGI”, contou a viúva. “A gente ainda não acredita, os clientes quando descobrem também não acreditam”, finalizou.
O que fica são as lembranças e a saudade. A família segue tocando o negócio que leva seu apelido e preservou o legado de sua alegria. Elton Fonseca, o “Moço das Empadas”, faria aniversário neste sábado, dia 9 de outubro. Ele completaria 36 anos em 2021.
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