As Panteras de Campo Grande? Conheça as ‘leoas’ que seguiram bandido e resgataram celular para vítima
“Nós apenas queríamos fazer justiça”, contam as “panteras heroínas” de Nadynne ao Jornal Midiamax
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Verdadeiras leoas! É assim que Maria Paula Aguiar, de 22 anos, e Natani Delmondes, de 30, estão sendo chamadas nas redes sociais. Anjos na vida da atendente de caixa Nadynne Oliveira, Maria e Natani viram a mulher ser assaltada na rua, não pensaram duas vezes e, sem conhecê-la, perseguiram o bandido, recuperaram o celular roubado e ainda prestaram socorro à vítima em Campo Grande na terça-feira (28).
“Eu estava na Avenida Guaicurus, sentindo Terminal. Tinha acabado de falar com o meu esposo no telefone e fui descendo. Só deu tempo de desligar a ligação, quando um rapaz de bicicleta passou por trás, falou ‘perdeu’ e tomou meu celular”, detalhou Nadynne ao Jornal Midiamax.
Passando pela via, duas moças em um carro avistaram tudo e decidiram ir atrás do meliante, conseguiram cercá-lo e resgataram o aparelho para a mulher que nem conheciam, por pura bravura, coragem e altruísmo. Agradecida, Nadynne publicou o ocorrido no grupo “Aonde ir em Campo Grande” para encontrar suas “heroínas”, já que estava atordoada na hora, não pegou o contato delas e só se lembrava do nome de uma.
A publicação repercutiu e a atendente conseguiu encontrar as “Panteras” campo-grandenses que agiram feito policiais. A Capital quer saber quem são as moças que Nadynne chama de “anjos”. Quebrando padrões e impressionando pela coragem, Maria e Natani conversaram com o MidiaMAIS.
“Somos cunhadas, amigas e trabalhamos juntas. Ficamos 24 horas grudadas”, iniciaram as duas, que deram depoimento em dupla. Elas atuam como correspondentes bancárias em Campo Grande e comentaram o que estão achando de serem chamadas de “leoas” pela população.
“Não imaginávamos que iria acontecer isso, foi algo que fizemos no impulso, mas é algo gratificante. Sabemos que foi algo perigoso, mas vimos que ele não estava armado e resolvemos ir atrás”, relatou Maria. As duas detalham os momentos da perseguição que nem mesmo Nadynne ficou sabendo.
“Nós estávamos voltando do escritório, como trabalhamos juntas e moramos na mesma rua, nós vamos e voltamos juntas e sempre fazemos esse caminho de volta para casa. Eu vi que ele puxou o celular dela e foi embora. Na hora, falei para a Natani, que estava dirigindo. Ela imediatamente olhou para trás, viu que não tinha nada atrás e deu ré, mas, com tudo, acabamos afogando o carro”, relembra Maria.
Depois que o carro desafogou, em meio à agilidade da perseguição, elas continuaram. “Foi quando ele virou a rua, a Natani me olhou e falou ‘Vamos’, eu falei ‘Vamos’. Então, começamos a seguir ele, e ele começou a virar nas ruas para nós não conseguirmos alcançá-lo, mas nós conseguimos. Quando já estávamos seguindo o ladrão há umas 4 quadras para cima, ele virou numa rua que tinha dois rapazes passando, aí começamos a gritar ‘segura, ladrão, ladrão’ e um dos meninos conseguiu puxar a camisa dele. Então, ele jogou o celular no chão e foi embora. O menino pegou o celular e nos devolveu”, detalham.
Com o aparelho em mãos, as correspondentes bancárias voltaram fazendo a mesma rota, até acharem Nadynne. “Vimos ela na porta de uma academia já bem abalada, então falamos para ela entrar no carro até se acalmar e dissemos que iríamos dar uma carona para ela. Fomos conversando até o terminal, ficamos uns minutos lá paradas conversando porque ela estava bem agitada, assustada com tudo”, comentam Maria e Natani.
Ao Jornal Midiamax, elas explicam a atitude. “Foi por impulso. Notamos que o bandido não estava armado pela abordagem dele e resolvemos ir atrás, não sabíamos se iríamos recuperar o celular ou não, mas resolvemos tentar”, esclarecem. Experiências terríveis de assaltos sofridos no passado podem ter motivado as duas a agirem em uma caçada ao ladrão.
“Eu (Maria) já fui assaltada sim, tive uma experiência um pouco pior, cheguei a ter uma arma apontada na minha cabeça”, conta. Natani também tem seu terrível relato. “Fui assaltada por um cara de moto que me derrubou no chão e foi me arrastando meia quadra na rua da minha casa”, revela. O fato de terem vivido situações semelhantes e tão traumáticas quanto a de Nadynne interferiu na tomada de decisões até a recuperação do dispositivo, além do apoio moral prestado à atendente.
“Nós nos colocamos no lugar dela, pois como já passamos por isso, sabemos o quanto é ruim a sensação de perda e o trauma que fica”, dizem as mulheres, que ainda afirmam não terem sentido medo em momento nenhum. Com a publicação de Nadynne nas redes e até a publicação do ato no Jornal Midiamax, as “Panteras” ganharam fama e todo mundo ficou querendo saber quem eram as duas corajosas. Elas se dizem surpresas com a repercussão.
“Até o momento, estamos surpresas com tudo, pois não tivemos esse ato pensando na mídia, não sabíamos que a Nadynne iria nos procurar desta forma, porém, ficamos contentes que ela conseguiu nos achar. A sociedade sempre pensa que as mulheres são mais fracas. No mundo em que vivemos, faz toda a diferença a retribuição de gratidão. Ela [Nadynne] ficou mais feliz pela nossa atitude do que pelo celular recuperado, e isso para nós foi muito gratificante. Ficamos felizes com o depoimento dela, fizemos uma amiga”, afirmam.
Empoderadas, independentes, com raça e coragem, as duas são moradoras do bairro Moreninhas e estão lisonjeadas com o reconhecimento. “É legal as pessoas estarem elogiando a gente, é uma surpresa, nós apenas queríamos fazer justiça. Creio que outras pessoas fariam o mesmo”, finaliza Natani ao MidiaMAIS.
Apesar de heroica, a ação não é recomendada pelas autoridades policiais, que não orientam ninguém a reagir a assaltos.
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