Cachorros, gatos, coelhos, calopsitas, periquitos-australianos, peixinhos, áquarios com tartarugas, jabutis… Ao longo da vida, Elza já teve e cuidou de animais de todas essas espécies. Hoje, ela tem cinco cães, um gato, e vários outros extras que surgem em seu quintal.

Desde que se entende por gente, a professora de 55 anos mantém uma relação de mãe com seus animais. “Tenho dois filhos, dois rapazes que são os amores da minha vida, e que amo muito. A gente nunca deixa de amar um filho, mas como eles já são grandes, autônomos e não dependem mais da mãe, esse amor maternal foi transferido para os animais, para os pets”, diz Elza à reportagem do Jornal Midiamax.

“Vejo que são amores muito parecidos porque é semelhante a quando os meninos eram pequenos e necessitavam de cuidados na higiene, na alimentação, calendário de vacinas, remédios… Tudo isso o pet exige da gente também, e depende da gente pra sobreviver. Quem gosta mesmo dos seus animaizinhos costuma tratá-los como filhos”, reflete. É o que ela e o esposo João Carlos, de 58 anos, fazem em casa.

O cão Ringo, o gato Tom e os passarinhos do quintal (Arquivo Pessoal)

Elza conta que também cuida da passarinhada que vive no seu quintal e se preocupa em manter o jardim com flores para atrair beija-flores. Na árvore dos fundos, sempre há pelo menos umas 3 residências de joão de barro, com moradores… “O meu parceiro na vida e na criação da bicharada costuma fazer casinhas, ninhos para os passarinhos, comedouros, bebedouros, e assim a gente vai cuidando de todos”, afirma.

“Eu penso que a gente tem um ímã que atrai esses animais. E eles aparecem pra gente. Ou a gente acaba ganhando, ou encontra na rua abandonado e começa a cuidar… assim vai, e acaba ficando. Quando a gente vê, tem esse monte de bicharada aí”.

E eles aparecem das formas mais malucas. O primeiro animal de estimação, depois de casada, Elza encontrou em sua primeira casa. A família que morava anteriormente tinha abandonado o filhote. Quando chegou para organizar a mudança, ela já viu filhotinho, que estava bem acabado e adotou.

“Foi amor à primeira vista, o nosso primeiro pet. De lá pra cá, acho que a gente teve mais de 30, e todos bem longevos, com 12, 10, 8 anos… sempre viveram bastante aqui. E eles nos escolhem. Acho que eles chegam para as pessoas certas. A gente cuida, e cuida muito bem”, conta a professora.

Palpites inconvenientes

Por tratar muito bem seus animais, Elza já recebeu duras críticas. “Tem gente que fala ‘animal é animal, gente é gente’, então sempre escutamos umas coisas assim. ‘Fica gastando dinheiro à toa com esses cachorros, com esses gatos’. Ah, mas eu adoro uma novidade, um brinquedinho novo, um acessório, uma roupinha… aqui cada um deles tem sua caminha. É como se fossem filhos mesmo. E eu não vivo essa maternidade sozinha, não. Tenho apoio do pai, que é o Jhony [marido]. Da minha mãe também, que me ajuda… Tem uma rede de apoio gigante”, garante.

Lola, Cirilo, Pipoca e Tom com a dona, Elza (Arquivo Pessoal)

Amor que não se mede, ímã que atrai

Uma vez, há alguns anos, alguém passou pela rua e jogou por cima do muro de Elza quatro filhotinhos de cachorro dentro de uma sacolinha de supermercado e eles estavam ainda com os olhinhos fechados. “Que tristeza, pra que fazer isso? Por que não colocam para adoção? Ainda sufocados numa sacola de mercado… aquele dia fiquei mal”, disse. Assim que resgatou os bichinhos, ela já tratou de levar ao veterinário, mas dois acabaram não resistindo à queda. Os outros dois sobreviventes estão vivos até hoje. A mãe dela, inclusive, adotou um. “E tá lá, feliz da vida”.

Tom foi encontrado dentro do motor do carro de Elza. Na primeira foto, o animal assim que foi resgatado. Na segunda, já sob cuidados (Arquivo Pessoal)

“Quando eu falo que eles aparecem, eles aparecem mesmo, das formas mais diversas. Assim como aquele lá na minha primeira casa, esse jogado no saco, o outro dentro do motor… e assim vai. Eu acho que a gente deve ter algum ímã para os animais aqui em casa. É isso”, conclui a professora.

No dia das mães, esse tipo de amor materno também tem espaço. O que vale são os sentimentos e não a raça ou espécie às quais essas emoções são transferidas. Ações e sentimentos genuínos de cuidado são os verdadeiros fatores determinantes para se estabelecer como mãe de alguém. Mesmo que esse alguém seja um cachorro, um gato, um coelho, um passarinho, e por aí vai…

Elza se considera mãe de seus pets (Arquivo Pessoal)
Casal tem muito amor por seus animais (Arquivo Pessoal)