A arte é moldável e se reinventa apesar de qualquer crise. Foi assim entre as gerações, entre as Guerras, entre a censura, e não diferente será durante a pandemia do coronavírus. Em , chegou a vez da poesia fazer parte das com o projeto ‘Poema na Quarentena ’.

A partir desta quarta-feira (6), 14 poetas e poetisas sul-mato-grossenses se reúnem para manter viva um dos estilos textuais mais antigos e famosos no mundo. O projeto foi idealizado por Victor Barone e Fábio Gondim e apela para a internet para alcançar as pessoas.

Durante as próximas duas semanas, os artistas participantes do projeto declamarão poesias em vídeos disseminados pelas redes sociais. Serão 14 vídeos, com 14 poemas para provocar emoções, questionamentos e sensações. Para localizar os vídeos no Facebook, basta procurar pela hashtag #poemanaquarentenams.

“O formato do projeto é muito democrático. Um poeta diz o poema de outro em um ciclo que se repete durante duas semanas, semeando as redes sociais com poesia”, explica Barone.

Além de oferecer um momento de arte com os poemas, o projeto incentiva a leitura, inspira e distrai aqueles que estão presos em casa. A atriz Ligia Prieto é uma das contribuintes da iniciativa que pretende já ter uma nova fase com outros escritores que desejarem participar.

“Quando a solidão toma conta, e o medo assume as ruas, é preciso ter a chance de viajar em si e no outro, não há maior necessidade da poesia que em momentos como esse. Só a poesia é capaz de acalentar a pandemia da solidão”, ressalta Ligia Prieto.

Para Fabio Gondim, a relevância de como este se traduz no fortalecimento íntimo, de cada um, nestes tempos atípicos. “Tanto quem oferta quanto quem recebe o conteúdo são beneficiados. E a poesia, a arte em geral em momentos adversos, é dos melhores remédios”, afirma.

Para o produtor cultural Vini Willyan, outro poeta que participa do projeto, o Poema na Quarentena MS é uma oportunidade de se colocar mais próximos uns dos outros. “E também uma iniciativa muito bonita, considerando o momento de isolamento”, reflete.

Já o poeta e filósofo Elias Borges reflete que a quarentena provocada pela covid-19 mostra às pessoas que pouco sabemos sobre o amanhã. “Se viessem me pedir um conselho como filósofo, eu diria para escutarem as orientações dos médicos. É o mais sensato. No ‘Desconstruindo Harry’, quando brinca com a pertinência da ciência, Woody Allen diz: ‘entre o e o ar-condicionado, fico com o ar-condicionado’. Não cabe à filosofia dar conselhos, no máximo sugerir. Ela mesmo diz não saber de nada. E em muitos momentos ela sugeriu a poesia”, afirma.

Martin Heidegger, filósofo e poeta, relembra que o humano é um ser-para-a-morte, e que a poesia é o local mais originário do homem. “Ele propôs uma ruptura com a metafísica e uma aproximação ou regresso às ‘coisa mesmas’. O projeto ‘Poema na Quarentena MS’ é bem isso, uma reunião de poetas que não tem a menor vontade de oferecer novas perspectivas para a compreensão do sujeito, mas estão sempre escrevendo e sinalizando para a infinitude de tudo. Talvez desfrutar novamente da experiência original do pensamento com a poesia, algo que perdemos com o tempo, já seja uma meta bastante ambiciosa”, finaliza.

Para acompanhar o projeto nas redes sociais, basta pesquisar pela hashtah #poemasnaquarentenaMS. Cada poeta e poetisa participante do projeto estará proclamando a arte de outro sob a hashtag do Facebook durante 14 dias reunindo produções de Mato Grosso do Sul.