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Camelódromo completa 21 anos com gerações compartilhando lutas e conquistas

No auge de seus 21 anos comemorados nesta quinta-feira, 5 de dezembro, o Camelódromo de Campo Grande todos os dias termina o bocejo e acorda de vez
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Já não tão cedo e às 9h da manhã, no auge de seus 21 anos comemorados nesta quinta-feira, 5 de dezembro, o de todos os dias termina o bocejo e acorda de vez. Portas sobem e se abrem e o papo começa. Chegar já vendendo é uma meta primordial. Andar pelos corredores é ouvir as palavras que já fazem parte da rotina e que às vezes até se embaralham umas nas outras virando um só burburio. Qualquer pessoa que passa se torna um possível cliente que vai e vem.

Um dos boxes, o 459 DuVision, chama atenção de quem passa por sua estrutura de madeira, iluminação, cores vibrantes e vários óculos de todos os tipos e tamanhos. Desde 1998, ano da inauguração, Carlos Martins é ambulante no Camelódromo de Campo Grande.

Há 40 anos trabalha como vendedor, já vendeu semi jóias, roupas, brinquedos, eletrônico, desde os tempos em que os mesmo se concentravam na Rua Barão do Rio Branco, no centro da cidade. Das mudanças encontradas nesses 21 anos, a principal é o teto revestido que antes não existia.

“Tinha quase a mesma quantidade de hoje, mas muita dificuldade. Não tinha cobertura então quando chovia, alagava tudo, e as pessoas às vezes desmaiavam e até morreram de pressão alta por causa do sol. Isso até uns 12 anos atrás”, conta o comerciante.

Ser vendedor é um orgulho para o ex-servidor público, que lembra que no início a falta de estrutura foi difícil mas que com o tempo foi ampliando. O custo, segundo ele, principalmente para comprar o espaço, não é tão barato quanto parece, mas traz regalias e mais tranquilidade.

“Eu posso trabalhar a hora que eu quero, chegar a hora que eu quero. O fluxo aumenta bastante com o Natal. Aqui é ‘brabo‘. É diferente de fazer uma venda em uma loja, por exemplo, porque aqui estamos um do lado do outro. A concorrência é bem maior. O vizinho ouve o preço que você ofereceu e fala uma mais barato pra poder vender. Não é fácil, não”, ressalta o vendedor.

O filho, Kaio Flores Martins, começou há pouco tempo a trabalhar com o pai depois de ficar desempregado. O jovem de 29 anos cresceu com o pai, também ex-militar, sendo vendedor e brinca que nos 21 anos de trajetória do pai, as nunca aconteceram.

“Já passamos por altos e baixos, desde os tempos da Barão. Às vezes ele não vendia a mercadoria e os produtos voltavam. Mas também é uma boa renda para tempos de crise por ser uma venda rápida e fácil. Hoje está menos vazio mas tem dia que está lotado. Vou continuar aqui com ele até encontre algo melhor”, finalizou o filho.

Talento não se compra

Outro filho que alcançou uma melhoria de vida trabalhando como empreendedor nos camelódromos e hoje é Presidente da Associação de Vendedores Ambulantes é Narciso Soares dos Santos, que administra todo o corre-corre do topo do formigueiro-humano que passa pelo andar térreo. Seguiu o caminho do pai, que vendia roupas, mas que por causa da idade não suportava o sol quente de campo-grande nos tempos de camelódromo sem teto. O filho assumiu há 19 anos, em 2000.

Camelódromo completa 21 anos com gerações compartilhando lutas e conquistas
(Foto: Marcos Ermínio, Jornal Midiamax)

“São 473 box aqui dentro, cada um com pelo menos 2 pessoas. Famílias que sobrevivem disso aqui. A diferença de 21 anos atrás é que na rua não tinha segurança, tínhamos que alugar um lugar para deixar o carrinho com mercadoria, não tinha cobertura. Na época, eram camelôs mesmo, mas hoje acho que quase 100% são Microempreendedores individuais”, conta o presidente da AVA.

O empresário conta que uma das principais dificuldades dos vendedores é a falta de um estacionamento que suporte a demanda, principalmente nos finais de ano, além do crescimento das lojas em bairros, que afasta o público comprador. Apesar disso, Soares ressalta que é uma localização privilegiada.

“A gente fica feliz porque vim da roça. Não tinha escolaridade. Trabalhei por um tempo dando aulas, mesmo só tendo até a 4ª série, porque era uma escola rural. Vim para a cidade tentar trabalho e não consegui, acabei trabalhando com meu tio na Feira Central. Depois vim pra cá, trabalhando aqui dentro criei minha família e comprei uma casa. Minha filha agora é acadêmica de medicina”, ressalta Soares.

Tempos difíceis

Já o presidente do conselho fiscal Samuel Antônio de Paula relembra dos dias pré camelódromo quando ainda tinha que trabalhar na rua Barão do Rio Branco, no centro da cidades, próximo aos Correios.

“A dificuldade que digo é que não tínhamos um local adequado para guardar as coisas. Tinha que guardar a mercadoria a 300, 400 metros dalí. Atravessava o córrego da Ernesto Geisel e deixava lá. Tempo de Chuva, época de temporal, perdíamos tudo. Tinha que começar do zero”, conta Samuel de Paula.

No aniversário do Camelódromo, há 21 anos perseverança é passada por gerações
Narciso Soares e Samuel de Paula, presidente e conselheiro fiscal da Associação de Vendedores Ambulantes, respectivamente (Foto: Marcos Ermínio, Jornal Midiamax)

O também vendedor camelô relembra que muitos outros comerciantes desistiram de seus boxes nos momentos de crise financeira e que hoje não conseguem retornar para o Camelódromo devido à falta de espaço.

“Administrar isso aqui não é fácil. Problemas temos todos os dias. A maioria dos vendedores tem a mesma história. Alguns, mais antigos, já até faleceram. Em 21 anos de existência tem muita história. Se formos relembrar mesmo, dá vontade de chorar”, relembra Samuel.

Com 21 anos de história, localizado na avenida Noroeste, n°5089, o Camelódromo de Campo Grande possui 44 climatizadores e 478 boxes. O horário de atendimento é restrito das 08h às 18h, de segunda-feira até sábado.

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