O caso da empresária espancada por um jovem que conheceu pela internet levantou debates sobre os cuidados na hora de marcar o primeiro encontro. Elaine Caparróz foi brutalmente agredida por quatro horas dentro do apartamento em que mora, na madrugada de domingo (17) no Rio de Janeiro, pelo advogado Vinicius Batista Serra.

A vítima conheceu seu algoz meses antes pelas redes sociais e decidiu convida-lo para jantar em seu apartamento. Após pegarem no sono, Elaine foi acordada aos socos, pontapés e mordidas.

O crime assusta pela brutalidade que o agressor, de 27 anos, agiu com a mulher que conversava há oito meses. Sentindo-se segura para um primeiro encontro, a vítima ofereceu um jantar em seu apartamento e, sem saber, acabou dormindo nos braços do seu agressor.

Assim que a história foi à tona, as pessoas usaram as redes sociais para opinar sobre o caso. De um lado, milhares de “juízes virtuais” alegando que se ela não tivesse convidado um desconhecido para ir até sua casa, nada disso teria acontecido. Do outro, a empatia de internautas que ficaram chocados ao ver o rosto desfigurado da empresária estampando as manchetes dos principais noticiários do país.

A facilidade que a internet trouxe para conhecer pessoas abriu as portas também para que criminosos utilizem a ferramenta na captação de vítimas. Atrás da tela do computador fica ainda mais difícil conhecer o real temperamento da outra pessoa e, se cuidados não foram tomados, uma noite de amor pode criar uma cicatriz para a vida toda.

Nélis Braúna, Chefe de Divisão Patrulha Maria da Penha da Polícia Municipal de Campo Grande, explica que a escolha de um local público para o primeiro encontro não é uma questão de certo ou errado, mas sim de segurança.

“Considerando a pouca intimidade, não é aconselhável que esse encontro seja em uma residência devido à vulnerabilidade que o local apresenta. Contudo não quer dizer que ela (empresária) estava errada porque ele poderia tentar fazer o que fez em qualquer lugar.”

A escolha de um lugar bem movimento e de preferência público minimiza as chances de uma tragédia. Outro ponto que deve ser levado em consideração, segundo Nélis, é a forma com que a pessoa vai até o encontro.

“Preferencialmente usar o próprio carro ou motoristas de aplicativos para não depender de carona.”

A internet, tida como “terra desconhecida”, pode criar armadilhas até para os mais hábeis. O ideal é observar o desenrolar da conversa virtual e se atentar a possíveis contradições. O internauta também deve, ainda de acordo com a Chefe de Divisão, observar se não existem outros perfis da mesma pessoa que possa indicar que ela seja uma “fake”.

Encontro

A mulher deve ficar antenada durante o encontro para saber se o/a acompanhante tem más intenções. “Para a cidadã é difícil identificar o que é crime ou apenas um desvio de conduta. De qualquer forma, qualquer situação que não agrade, ela deve encerrar o encontro e ir embora por cautela como diz o jargão popular: Não sou obrigada”, explica Nélis.

Imediatamente o socorro deve ser acionado a fim de evitar que algo pior aconteça. “Se ela se sentir agredida, violentada de qualquer forma que seja, a orientação é denunciara qualquer momento. Inclusive pode ser depois, considerando que as vezes ela estará sendo coagida.”