Presente na ‘identidade de MS’, chamamé é registrado como Bem Cultural Imaterial
Registro foi publicado no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira
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Registro foi publicado no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira
O bom e velho chamamé, um dos gêneros musicias que marcou (e marca!) a história musical do Estado, passa agora a ser considerado ‘bem imaterial’ de Mato Grosso do Sul, ou seja, o gênero musical passa a ser registrado oficialmente como uma das expressões culturais que revelam as origens culturais do povo sul-mato-grossense. A publicação do registro ocorreu nesta segunda-feira (7), no Diário Oficial do Estado, assinado pelo titular da SECC (Secretaria Estadual de Cultura e Cidadania), AthaYde Nery de Freitas Junior.
O aval para o registro do chamamé como bem cultural imaterial foi concedido pelo Conselho Estadual de Cultura, que considerou a presença do gênero de origem argentina e paraguaia, a relação com os países fronteiriços com o Brasil proporcionou a entrada desta expressão cultural como um dos elementos basilares da cultura sul-mato-grossense.
A ascensão do chamamé ao posto de patrimônio cultural imaterial ocorre no mesmo período em que a Argentina, um dos berços desta expressão artística, articula pelo registro do chamamé como ‘Patrímônio Cultural e Imaterial da Humanidade’ junto à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) – um dossiê foi apresentado em junho à entidade. Uma comissão técnica já analisa o pedido e o resultado definitivo deve ser divulgado em dezembro de 2018.
Em Mato Grosso do Sul
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A relação de Mato Grosso do Sul com a expressão artística é íntima. Nativo da província de Corrientes na Argentina, a história do chamamé se confunde com a da polca paraguaia e da guarânia, ritmos ‘irmãos’ do chamamé. No Brasil, o gênero chegou por influência paraguaia (em MS) e argentina (no Rio Grande do Sul). Posteriormente, essas gaúchos viriam para onde atualmente é Mato Grosso do Sul, onde houve uma espécie de fusão destas referências.
No Estado, há até ‘capital do chamamé’, o município de Rio Brilhante, a 150 km de Campo Grande, que recebeu este título em 2011. E uma lei estadual também passou a considerar do dia 19 de setembro como o ‘Dia do Chamamé’, que assim como o registro da expressão artística entre os bens culturais do Estado, é conquista do Instituto Cultural Chamamé MS – Polca, Guarânia e Chamamé.
À frente do instituto, está o radialista Orivaldo Mengual, 55, que preside a entidade e representa um coletivo de entusiastas do chamamé, que há mais de 20 anos militam pela visibilidade do gênero entre os sul-mato-grossenses. Foi Orivaldo quem forneceu todo o dossiê necessário para que o decreto publicado hoje fosse elaborado.
“A gente vem fazendo esse trabalho desde o governo do Zeca. E por meio do instituto, tornamos o chamamé acessível. E a gente realiza todo mês um sarau, toda a primeira sexta-feira de cada mês, onde celebramos o chamamé e seus gêneros irmãos”, conta Orivaldo, que também apresenta o programa ‘A Hora do Chamamé’, que vai ao ar diariamente, de segunda a sexta, das 17h às 19h, na FM Educativa 104,7.
Para ele, o registro do chamamé é traduzida em vitória após tantos anos em defesa da cultura do Estado. “A gente vem lutando por isso há muito tempo. A partir de agora, teremos mais força para valorizar o chamamé em MS. E vamos fortalecer as ações do instituto cada vez mais, com danças, seminários e outras atividades. Estamos agindo”, revela.
Festival
No site do instituto, no ar há oito anos, há um vasto material de pesquisa com dados históricos e referências artísticas do gênero, dentre os quais estão o gaúcho Aral Cardoso, a dupla Beth & Betinha, o cantor e compositor três-lagoense Castelo (Antônio Rodrigues de Queiróz), o grupo Chama Campeira, grupo Laço de Ouro, a dupla Délio & Delinha, Jandira & Benitez, Marcelo Loureiro, Nino e Nara Laydy, Paulo Arguelo, Vinícius Teló e Zé Corrêa, que é considerado o ‘Rei Do Chamamé’ e pioneiro no gênero tanto em Mato Grosso do Sul como no Brasil.
Em setembro, a propósito, Campo Grande receberá o Festival Cultural do Chamamé 2017, de 15 a 25 de setembro, com realização pelo Instituto. O evento terá entrada gratuita e será realizado na Concha Acústica Helena Meirelles, no Parque das Nações Indígenas.
“Será um festival internacional, pois vamos trazer além dos grupos locais, músicos e grupos de Corrientes, na Argentina, que é a ‘meca’ do chamamé. E também teremos grupos de Assunção, no Paraguai”, revela.
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