Ninguém sabe dizer na cidade o paradeiro do autor do projeto da igreja!

“Decifra-me ou devoro-te”. Assim como o enigma da Esfinge desvendado por Édipo a população da minúscula cidade de convive com um mistério que já dura quase três décadas. É que o prédio da igreja matriz Católica tem o formato de um tradicional caixão de defunto.

O assunto é coisa praticamente proibida na cidadezinha de pouco mais de cinco mil habitantes localizada a trinta quilômetros de Dourados. Os mais velhos evitam falar sobre a igreja. Os mais jovens vivem alheios ao caso. Uns até ensaiam um discurso convincente, mas no meio da conversa preferem falar de outras coisas.

O fato é que o prédio da Igreja tem o formato de um caixão de defunto, porém só pode ser notado quando olhado do alto.  Reza a lenda que vários párocos que passaram pela Igreja Matriz tentaram desmistificar o caso e chegaram a fazer obras na fachada para desfigurar o formado de caixão.

O fato é que a estrutura do prédio tem que ser totalmente modificada para deixar de ser um ataúde. Com as mudanças, somente quem passa pela rua não vê o mostrengo que é a planta baixa do prédio.

Do alto não tem jeito. É um caixão de defunto. E em tempos de drones o assunto novamente veio à tona. O produtor musical David Barbosa Silveira fez um vídeo mostrando a vista área da zona urbana de Douradina e confirmou o formato da igreja. O vídeo caiu nas redes sociais e ganhou o mundo. Toda a cidade voltou a comentar o assunto que continua um mistério, um enigma.

É notório no anedotário local que o projeto arquitetônico da Igreja foi “bolado” por um sujeito muito católico que coordenava as ações comunitárias da paróquia e devido a sua formação cultural e até, talvez, esotérica ou metafísica, tenha se inspirado em milenares escritos para a confecção da planta. Ninguém em Douradina soube dizer quem foi este sujeito ou onde ele esteja vivendo no momento.

Dizem apenas que o construtor da Igreja em forma de caixão foi um tal de “Joãozinho Carpinteiro” que atualmente, doente, vive na periferia de Dourados. Nenhum dos parentes do carpinteiro sobrou em Douradina para contar a história.

Sabe-se apenas que o autor do projeto era maçom ou teria se inspirado em aspectos da antiga e mística ordem esotérica para construir a igreja. O enigma continua e ao contrário da Esfinge ninguém ainda conseguiu desvendar este mistério.

Comenta-se que um dos rituais de iniciação da maçonaria para o grau de Mestre Maçom, é necessário se deitar dentro de um caixão. Nesta cerimônia é simulado um assassinato mas de acordo com fontes maçônicas o crime jamais aconteceu e seria uma parábola que representa como o ser humano é atacado pela inveja, ambição e orgulho. O ato de deitar-se no caixão seria uma forma de mostrar a morte e o renascimento dando conta que tudo nesta vida terrena é passageiro e ilusório.

Independentemente das histórias, das estórias e das crendices a vida segue em Douradina e o enigma continua. De quem foi a ideia? Quais os motivos para se construir uma igreja em forma de urna funerária? Perguntas ainda sem respostas. Ainda bem que ninguém ainda foi devorado por não ter decifrado o enigma.

No caso do Édipo a pergunta era: que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três? A esfinge estrangulava que não conseguisse responder daí a origem do nome esfinge, que deriva do grego Sphingo, o correspondente a “estrangular” em português.

Qual é o enigma de Douradina? E qual a resposta de Édipo? Ele respondeu: é o homem que engatinha como bebê, anda sobre dois pés na fase adulta e usa bengala quando idoso. 

Veja vídeo: