Tradição brasileira, ‘Dia do Preto Velho’ é celebrado em terreiros da Capital

Festa afro brasileira celebra nossos ancestrais 

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Festa afro brasileira celebra nossos ancestrais 

No dia de hoje, 13 de maio, só que lá em 1888, a Princesa Isabel assinava a Lei Áurea, que abolia oficialmente a escravidão no Brasil, acontecimento que registra mais de 300 anos de resquícios brutais contra o povo negro. E como costume umbandista, é celebrado o Dia do Preto Velho, os espíritos ancestrais, em sua maioria foram escravos idosos que viveram a dura jornada dentro dos cativeiros dos senhores de engenho, mas que superaram e transcenderam toda a tortura.

Resgatada a memória dos fatos, adentramos numa tradicional tenda de umbanda, e quando os tambores começam a tocar, a cerimônia se inicia com os pontos (preces cantadas) que invocam as entidades que os médiuns incorporam para atender os fiéis. A festa é para os pretos velhos, dessa forma as comidas típicas dos ‘vovôs e vovós’ como bolo, canjica, feijoada e cafezinho são oferecidos no local no momento da comemoração.

Segundo a Mãe de Santo Aline Arcanjo, 33, que coordena a Tenda de Umbanda Pai Joaquim de Angola na Capital, o dia de hoje é muito especial, pois a emoção toma conta do ambiente. “Nossa casa realiza a celebração há 19 anos. Essas entidades têm a função de ajudar e curar à todos que nos procuram. A umbanda é fé, humildade e caridade, não cobramos nada por isso. É importante valorizar a cultura negra presente em nosso país e o respeito entre todas religiões”, afirmou. Filha de Iansã com Ogum, dois orixás guerreiros, a Mãe de Santo contou que se encontrou na religião logo quando começou a frequentar as ‘giras’ (reuniões) e que para se tornar um filho de santo é necessário muito estudo, amor e compreensão sobre o tema.

Outra casa que é uma das mais antigas da cidade, o Templo de Umbanda Pai Oxalá também vai celebrar os antepassados. A expectativa é que aproximadamente 250 pessoas participem do evento. O dirigente espiritual Orlando Mongelli, 82, reitera o valor de lembrarmos a libertação dos escravos, fase que resultou em muito sofrimento para esses. “Os Pretos Velhos são muito sábios e humildes, pregam o carinho e a amizade. Precisamos viver sem agressividade, isso é muito relevante”, comentou Orlando que completa 43 anos de casa e da tradicional consagração dos Pretos Velhos.

Colcha de retalhos

Vamos imaginar o mapa do Brasil como uma colcha de retalhos: nele colocamos um pouco dos índios, mais um bocado da colonização portuguesa, do povo italiano, espanhol, árabe, da imigração japonesa e muita, mais muita influência Africana. Afinal, moramos na segunda maior nação negra do mundo, depois da Nigéria.

Toda essa riqueza costuradinha junto ao processo histórico do país, monta esse caleidoscópio que é nossa identidade cultural. Somos um país majoritariamente negro (e isso não está ligado somente à cor da pele) – a língua portuguesa que falamos é culturalmente negra. Música, danças, comidas, roupas e as religiões: candomblé e umbanda, essa última tida como doutrina brasileira com origem em Niterói, Rio de Janeiro, por volta do ano de 1900.

Serviço – Festa do Dia do Preto Velho no Templo de Umbanda Pai Oxalá (Avenida Joana Dar’c 800 – Pioneiros), às 18h45. A celebração também acontece na Tenda de Umbanda Pai Joaquim de Angola (Rua General Alberto Mendonça de Lima 1882, São Conrado), às 19h. Entrada é gratuita.

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