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No último adeus a Zezinho, ficam as histórias e a lembrança do senso de humor

Músico faleceu na última segunda-feira, aos 61 anos
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Músico faleceu na última segunda-feira, aos 61 anos

“Por isso eu quero sair
Deste palco sem aplausos
Em silencio meditado
Sem longe teatro
Com gente ao meu lado
Em espírito de oração”

(Grande Cheia, grupo Acaba)

 

Não existiu clima de revolta com a partida precoce, no máximo a saudade inexplicável da perda de um ente mais que querido. O velório do músico José Charbel Filho, o Zézinho do grupo Acaba, que faleceu na última segunda-feira aos 61 anos, foi abraçado pela serenidade das pessoas que o amavam. Esposa, filhos, netos, na certeza de que Zezinho viajou em paz.

Resguardada, a família evitou grandes comentários. Agradeceu a presença e as condolências da reportagem com um sorriso nada forçado, claramente honesto e de gratidão. O assédio, mesmo que discreto e em hora incomum, era reflexo de quem Zezinho se tornara para a cultura musical sul-mato-grossense. Outros amigos do músico, contudo, acolheram a proposta de descrever a figura do amigo que partira.

Zezinho era conhecido como uma pessoa irreverente e bem humorada. Ao integrar o grupo Acaba, já na década de 1970, foi responsável por conduzi-lo a um caminho mais comercial e também foi responsável por uma pesquisa musical que daria o tom do grupo nas próximas décadas, quando a identidade cultural de Mato Grosso do Sul ganhava foco após a separação dos Estados.

Há poucos dias antes do falecimento, Moacir Saturnino de Lacerda, que também integrante do Acaba, esteve na residência do músico e engenheiro. Na ocasião, uma entrevista foi feita e o material irá integrar um livro sobre o grupo, a ser escrito pelo jornalista Rodrigo Teixeira.

“Ele gravou um depoimento, a gente fez algumas perguntas sobre a vida dele. Foi uma visita, também, espiritual, porque encontramos ali uma pessoa muito serena, com o espírito muito elevado e com muita confiança em Deus. Ele era só gratidão, não tinha revolta ou insatisfação. Saí de lá confortável e feliz. A entrevista foi muito emocionante”, conta.

Em todas as viagens, mesmo quando ele estava doente, ele divertia a turma. O senso de humor dele era fantástico, desde os tempos de faculdade. Era um professor que recorria muito a esse humor sofisticado. O Zezinho era um cara de espírito animado. Para nós é a imagem que fica, daquele cara espirituoso. Onde quer que ele estivesse ninguém ficava parado”, diz Moacir.

“Quando Zezinho entrou no grupo Acaba, ele levou com muita seriedade uma pesquisa musical que ia desaguar na maioria das composições mais pra frente. Era quando o Mato Grosso do Sul se formava e a gente tinha aquela busca por uma identidade cultural. O José fez isso muito bem e foi um grande parceiro musical, a gente fazia uma dupla muito bacana”, conta Chico Lacerda, também do Acaba.

“Ele era o brincalhão do grupo, o que segurava o ritmo. Tocava tumbadora como ninguém, e era o maior parceiro do Chico e colocou praticamente todas as melodias nas composições. Ele tinha um vocal impecável, fazia um fechamento como ninguém. Sentimos muito a falta dele no estúdio, tanto é que neste disco nós não vamos gravar ‘A Última Cheia’. Vamos pegar a mesma matriz de 1985 e reproduzir para manter a voz dele. É uma música emblemática que fala também do fechamento de um ciclo. Ele merece isso”, conta o integrante do grupo, Odon Nacasato.

Na manhã desta terça-feira (4), durante o sepultamento do músico, o grupo Acaba reuniu-se para mais uma necessária homenagem. Como planejado, tocaram uma canção, desta vez de adeus, ao amigo insubstituível, para poderem todos – família, amigos, colegas de trabalho – seguirem a vida com serenidade, recorrendo, quando bater saudade, às boas lembranças, às histórias engraçadas, e à certeza de que conviver com José Charbel no mesmo plano foi, sim, um privilégio compartilhado.

 

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