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Mostra de graffiti quer revelar política e resistência por trás das tintas

Evento segue até o dia 22 em 8 cidades de MS
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Evento segue até o dia 22 em 8 cidades de MS

Numa capital como Campo Grande, na qual o centro da cidade é praticamente higienizado de pobreza e onde tudo parece ser lindo, largo e arborizado, a realidade das periferias é escondida sob a sombra dos edifícios de concreto. E só quem faz diariamente o trajeto para casa no sentido centro-bairro, bem na hora do rush, sabe como a realidade do lado de lá é bem diferente do que se vive pelos lados da Avenida Afonso Pena, onde se ensaia, até as próximas décadas, o surgimento de uma selva de pedra. Campo Grande é assim, não foge à regra do jogo, no qual a especulação imobiliária e outros fatores econômicos causam gentrificação e empurrando populações para além das zonas confortáveis, para onde a violência e insegurança são palpáveis e pouco palatáveis. Mas, do lado de lá, as pessoas pensam, expressam-se e falam por si: na capital do Mato Grosso do Sul, a periferia tem voz, cor e textura.

O evento MS Detona – 1ª Mostra Internacional de Graffiti no Pantanal é um sintoma disso. Organizado pelo Coletivo Detona – que promove junto às comunidades o debate sobre os direitos da periferia por meio de oficinas, rodas de conversas e manifestações artístico-políticas como o graffiti e a pichação – a mostra é o resultado de pelo menos cinco anos de luta e resistência junto ao poder público para financiamento de um encontro no qual a arte e a cultura urbana estejam sob os holofotes. Com abertura oficial nesta quarta-feira (7), em Campo Grande, o evento segue itinerante até o dia 22, devendo percorrer oito cidades do Estado.

“O nosso trabalho é baseado nessa atitude social. A gente leva o graffiti às escolas e mostra um pouco da cultura urbana, leva o debate sobre o graffiti e a pichação, o que eles representam, as mensagens por trás daquilo. Nosso objetivo é mostrar que eles são sintoma de algo e que os dois têm valor cultural importante”, explica Bruno de Paulla, grafiteiro há 13 anos e organizador do MS Detona, em parceria com Renderson Valentim. “Se você não dá atenção a esse tipo de transgressão, a coisa vai ficando meio vaga, perde o foco e ganha simplesmente o nome de vandalismo. Mas a nossa ideia é mostrar à sociedade que existem pessoas nesse ramo com um talento muito bom e, principalmente, que essas manifestações são reflexo da inconformidade com a falta de lazer, de perspectiva de vida”, explica.

‘Sabor especial’

Ledania, Score Nueve e Cripta Djan Ivson são os artistas que vem à mostra (Divulgação)O MS Detona é fruto de um projeto assinado por Bruno e Renderson, que foi contemplado com verba pública no FIC (Fundo de Investimentos Culturais) de 2016, edital lançado anualmente pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul). Isso dá à realização um sabor especial, já que o grupo entende que a verba empregada retorna a sua origem e fomenta, de forma efetiva, uma política pública cultural. “Existe uma verba pública e por direito ela pertence a nós. A gente comemora isso, mas temos sempre que lembrar que para o cara conseguir usufruir desses mecanismos é preciso ser mais inteligente que o sistema. tem que estudar, tem ter conhecimento e dialogar com a comunidade, tem que saber escrever um edital”, considera Bruno.

O evento estreia hoje (7) em Campo Grande, depois segue para e retorna para a Capital no sábado (10). A programação seguirá e deve passar, ao todo, por oito cidades sul-mato-grossenses. Na abertura, que ocorre na Plataforma Cultural, estão previstos uma mostra de audiovisual além de um painel que discutirá a pichação e a política no Brasil e no mundo. “A gente quer desconstruir essa sociedade e mostrar que vale à pena dar oportunidades e que a periferia precisa conhecer mais os seus direitos. A arte urbana é uma das ferramentas que tornam isso possível”, explica Bruno.

Obra de Ledania (Divulgação)Artistas de fora, de e até de Bogotá (Colômbia) deverão participar da programação relatando e trocando experiências. “Mas o forte, mesmo, são os seminários, nos quais a informação corre, fica à disposição das pessoas para que elas possam refletir sobre a realidade delas. Afinal, é quando a gente explica para um moleque o que é vandalismo, quais os riscos de pintar sem autorização, o que é formação política e a importância disso na vida deles. São nesses espaços que a gente ressalta a importância de estar preocupado com as coisas que acontecem na cidade.

Chegar até este evento, claro, também não foi um caminho fácil. Mesmo contemplado com o edital depois de cinco anos de tentativa, o MS Detona só recebeu a verba para realização na terça-feira (6), véspera da mostra. Passagens aéreas para convidados de fora, por exemplo, custaram uma fortuna por terem sido compradas em cima da hora, o que mexeu bastante no orçamento do coletivo. Assim, algumas atividades da programação anunciada podem vir a sofrer alterações.

“Por muitos anos buscamos vários apoios na cidade, mas Campo Grande é uma cidade muito chucra. Não se tem respeito à própria cidade. A gente entende que a sociedade tinha que dar mais oportunidade a arte regional e abrir mão das panelinhas. Mas, para ‘fazer acontecer’, a gente precisa se unir e nos organizar, pois sem isso não se chega a lugar nenhum”, conclui.

Programação do dia 7 (abertura)

13h – Grafitagem do Quartel Metropolitano do Corpo de Bombeiros. 
20h – Apresentação do documentário PIXADORESDO, do diretor Amir Arsanes Escandari (Duração 89min com elenco da Finlândia, Dinamarca, Suécia e Estônia) e seminário sobre pichação e política no Brasil e no mundo. Local: Na Plataforma Cultural da antiga estação ferroviária de Campo Grande MS

Presença dos Artistas internacionalmente conhecidos:
LEDANIA – https://www.facebook.com/ledania.art/?fref=ts
SKORE NUEVE NUEVE NUEVE – https://www.facebook.com/skoria999?fref=ts
CRIPTA – https://www.facebook.com/profile.php?id=100006851089251&fref=ts

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