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Da psicanálise à ficção, entenda porque palhaços tornaram-se figuras assustadoras

Afinal, o que explica o viral em torno dos palhaços assustadores?
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Afinal, o que explica o viral em torno dos palhaços assustadores?

 

Da psicanálise à ficção, entenda porque palhaços tornaram-se figuras assustadorasEstamos diante de uma espécie de fenômeno dos tempos virtuais. A tecnologia proporcionou que uma lenda urbana repercutisse mundialmente e assustasse pessoas de todas as idades ao redor do globo. Basicamente, palhaços assustadores estão sendo avistados por aí. Apenas isso. Ninguém foi assassinado. Ninguém foi sequestrado. Ninguém foi roubado por um palhaço. Os fatos reportados são somente as aparições, comprovadas em fotos sem nitidez ou em vídeos um tanto quanto bem produzidos demais.

As supostas aparições assustadoras têm até nome: estão sendo chamadas pela imprensa e por usuários da internet de “Clown Apocalypse” (Apocalipse dos Palhaços, traduzido do inglês). Esta, a propósito, é a primeira de uma reportagem especial sobre esse tema, dividida em duas partes. A esta altura do campeonato você já deve ter lido ou assistido a conteúdos substanciais sobre este fenômeno. E portanto, sabe que ninguém soube responder, até agora, qual é a verdade por trás dos palhaços sinistros pelo mundo.

Enquanto uns apostam em publicidade de filme de terror, outros insistem na tecla de que a nova ‘moda’ é uma brincadeira que saiu do controle e viralizou entre pessoas de bom senso questionável. Mas, há uma coisa irrefutável e concreta por trás do que está acontecendo: as pessoas, basicamente, têm medo de palhaço.

Pennywise, o palhaço assassino de 'It' (Reprodução)Sim, o viral em torno das aparições, que dão conta até de que Campo Grande seria um dos picadeiros das figuras aterrorizantes, só tem sustentação porque os palhaços integram um dos elementos do nosso imaginário. A fobia gerada por esta figura é bastante comum e tem até nome, a propósito: chama-se coulrofobia.

“Cada pessoa pode ter uma experiência individual que culmine no medo daquela representação. Pode ter sido algo diretamente relacionado a um palhaço, mas também pode ser que algum elemento específico remeta a uma situação traumática. Outra leitura possível, mais aprofundada, é que para a psicanálise, a máscara ou algumas caracterizações clássicas do palhaço remetam a uma fantasia do insconsciente de ser devorado, o que configura um medo primitivo do ser humano”, aponta a psicanalista e escritora Isloany Machado.

Cinema e televisão

Para piorar o cenário, uma das representações mais comuns dos palhaços tem sido explorada da pior forma possível ao longo das últimas três ou quatro décadas. Filmes clássicos de terror, como ‘It – Uma Obra Prima do Medo’, baseado em uma obra de Stephen King, e até mesmo uma das temporadas da série ‘American Horror Story’ recorrem a uma caracterização aterrorizante dos palhaços. No primeiro filme, uma espécie de entidade maligna, chamada de Pennywise, manifesta-se como um palhaço que sequestra e mata crianças. No segundo, Twisty, um ex-palhaço frustrado que tentou se matar torna-se um serial killer, nos anos 50. A ficção simplesmente ajudou a transformar figuras inofensivas em vilãs do inconsciente.

John Wayne Gacy, o palhaço serial killer fora da ficção (Reprodução)

 

A retratação desses personagens assassinos como palhaços tem antecedentes reais. Nos anos 1970, 33 corpos foram encontrados na casa do Palhaço Pogo, em Chicago, nos Estados Unidos. Pogo era o nome artístico de John Wayne Gacy, um homem que fazia bicos de palhaço em festas infantis aos fins de semana. Suas vítimas eram do gênero feminino, e tinham entre 9 e 29 anos. Este caso real seria, inclusive, uma das inspirações de Stephen King para criar Pennywise, no livro publicado em 1986.

Além do mais, diferentemente dos palhaços profissionais – aqueles que dedicam anos na formação teatral, no aprimoramento da arte da palhaçaria e circense – os palhaços assustadores também usam máscaras que cobre todo o rosto. “Esse também é um aspecto interessante a ser observado. A máscara pode camuflar as emoções e despertar a desconfiança da outra pessoa”, aponta a psicóloga Ana Zampieri. “Vale até ressaltar que esse medo é muito mais comum nessas alegorias do palhaço, e não no palhaço real, que atualmente usa menos maquiagem e no máximo coloca o nariz vermelho”, conclui.

Confira amanhã a segunda parte desta reportagem especial sobre o Clown Apocalipse.

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