Mesmo longe do amado, Lais dava um jeito de estar presente na rotina do namorado

 

 

Viver uma aventura romântica longe de casa, em lugares encantadores e de preferência no exterior, deve nortear o imaginário de muitos apaixonados para o Dia dos Namorados que se aproxima. Um piquenique a dois nas margens do Rio Sena em Paris, uma caminhada sob a brisa do Tejo em Lisboa ou quem sabe um passeio de gôndola (embarcação típica) por entre os casebres de Veneza na Itália. Nada disso. As águas que hoje banham nossa história nos levam a mergulhar de cabeça no romantismo está bem aqui em Campo Grande e chama-se Lago do Amor. 

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Para muitos, o cenário pode parecer apenas um ponto turístico por atrair famílias e suas crianças nos fins de semana para observarem as capivaras que por ali transitam, mas para a jornalista e bacharel em Letras Laís Latta, 26, e o acadêmico de agronomia e fotógrafo João Garrigó, 24, é o plano de fundo perfeito para a história do casal.

Tudo começou quando Laís foi morar nos Estados Unidos em 2011, após um ano de namoro. O sonho de aperfeiçoar o inglês e viver novas experiências na terra do Tio Sam fez com que a comunicadora se distanciasse de seu grande amor.

Antes da partida, o local preferido para os encontros às escondidas era Lago do Amor, sugerido por Laís, por ser próximo da Universidade Federal (UFMS), onde estudava e achava linda a paisagem exuberante. Foi ali também que aconteceu o primeiro beijo, uma das cenas mais marcantes e românticas para João, não fosse o cômico fato da primeira tentativa frustrada de arrebatar o coração da donzela.

“Foi tudo lindo, na ocasião estava uma noite superagradável e havia uma lua maravilhosa. Enfim rolou, mas no encontro anterior tentei beijá-la e ela se esquivou. Ficou um clima meio chato, então fui levá-la para casa. Quando estávamos quase chegando foi ela quem quis me beijar, daí fui eu quem fez o papel de durão. Pensei que não poderia ser tão fácil assim, como não foi para mim”, relata aos risos.      

Na ocasião os dois trabalhavam juntos em portal de notícias – ela como repórter e ele de fotógrafo, e durante um bom tempo tiveram que manter a discrição para colegas não descobrissem o namoro, pois ambos poderiam parar no ‘olho da rua’ caso o fato chegasse aos ouvidos da chefia.

Mal sabiam eles da torcida que havia na redação para o sucesso da relação. Mas para a surpresa do estudante, os planos da garota eram outros e os jovens acabaram se afastando por pelo menos um ano quando Laís ingressou no intercâmbio. No entanto, o desejo incontrolável de continuarem juntos falou mais alto e decidiram manter a relação a distância.

Já longe do amado, a jornalista buscava entre um compromisso e outro maneira de estar presente na rotina do namorado aqui no país. “Queria presenteá-lo e fazê-lo lembrar do quanto nosso amor ainda estava vivo”.

Com a necessidade de se reinventar a cada dia, ela prepara uma surpresa para comemorar o 12 de março, data em que começaram o relacionamento. Durante noites, escreve longas cartas dedicadas ao fiel escudeiro que aguardava ansiosamente por seu retorno. Foram cinco no total, impressas e minunciosamente colocadas em envelopes vermelhos pela mãe aqui no Brasil. Com a ajuda de familiares e amigos de ambos, as declarações de amor foram distribuídas aos poucos em diferentes pontos de cidade e entregues durante um dia todo de trabalho de Garrigó, que permanecia no mesmo emprego.

Sem que ele soubesse, dois de seus melhores amigos, Bruno e Ludmila, o esperavam para a entrega do primeiro envelope. Adivinha qual o lugar? De longe dava para notar o jovem magro, com sua tradicional camisa xadrez e botinas, debruçado sobre as grades de proteção ao redor do lago. As pernas compridas tremiam mais que ‘vara verde’, reflexo do nervosismo.

“Quando abri aquela carta fiquei muito surpreso, não pelo fato de me escrever, mas havia uma foto e contava todo nosso início de namoro. O que eu não sabia é que ainda viriam mais quatro. Nos Altos da Afonso Pena, outro local especial para gente, um grande amigo nosso ‘seo’ Simão, me levou para entregar a segunda carta. E assim foi quase o dia inteiro”.

Depois de dez meses do inesquecível ‘dia das cartas’, João não aguentou esperar e voou ao encontro da amada. “Por lá, passamos vinte dias juntos, viajando e curtindo o momento. Visitamos museus, parques e até restaurantes finos. Foi em um desses que comi um bife de fígado por cinquenta dólares pensando ser picanha. Mas tudo bem eu estava ao lado dela”.

Passados apenas dois meses após a curtição nos Estados Unidos, a namorada estaria de volta, e não por acaso. Já no Brasil, o fotógrafo passou pelo momento mais doloroso de sua vida, a perda prematura do pai. “Naquele instante meu mundo desabou sem meu melhor amigo, meu herói, mas o apoio da família e principalmente o ombro acolhedor da minha companheira foi fundamental para meu fortalecimento, mesmo a quilômetros de distância. E isso só veio confirmar o quanto estamos um para o outro”. 

E é assim, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias os protagonistas dessa história provam que não é preciso ir tão longe para encontrar o local ideal e viver um grande amor, às vezes ele está em lugares onde menos esperamos.