B. B. King morreu na madrugada desta sexta-feira em Las Vegas aos 89 anos de idade

O mundo do Blues amanheceu mais triste hoje. Riley Ben King, mais conhecido como B. B. King morreu na madrugada desta sexta-feira (15) em Las Vegas, nos Estados Unidos, aos 89 anos de idade. Considerado o “Rei do Blues”, B. B. King foi a fonte de inspiração para músicos do mundo todo e em Campo Grande a lista de fãs que lamentam a morte do ícone o Blues é extensa.

Fã de carteirinha de B.B King desde criança, Sergio Azambuja Spengler define a perda do grande ídolo como “um vazio enorme no blues e na musica mundial”. Apresentado ao Rei pelo pai quando criança, Sergio conta que cresceu ouvindo B. B. King em casa. “Meu pai já escutava B.B. king em casa e aprendi [a ouvir] com ele desde minha adolescência. Meu pai gostava muito de blues e jazz e me mostrou o caminho”.

Mas segundo Sergio, o som do da lenda do Blues não agradava a todos em casa. “Meu pai era descente de alemães, tinha olhos azuis assim como o pai dele. Meu avô dizia a ele: – Você fica ouvindo essas musicas de negros! E quebrava tudo. Mas meu pai comprava tudo de novo”.

Sergio faz parte da banda Spengler Blues Band e conta que B.B. king foi uma das fontes de inspiração para cantar e formar a banda e que mesmo sendo uma perda muito grande para o mundo da música, ele acredita que “sua obra transcende a matéria e o tempo e será eterna”. A banda fará um show nesta sexta-feira em tributo a B.B. king no Bar Trem Mineiro.

O músico lembra que antes de ser Rei e se tornar um dos melhores guitarristas do mundo, B.B. king sofreu muito com a pobreza, fato também destacado pelo jornalista e também músico Marcelo Rezende. “Era uma pessoa que sofreu muito na infância, mas que lutou muito e venceu o preconceito com sua música”, ressalta Marcelo.

Indagado sobre o que B.B. king significa em sua vida musical, Marcelo não poupa elogios ao Rei do Blues. “Pra mim ele é o blues em toda a sua essência. O timbre característico da sua guitarra e sua voz permanecerão vivos através de suas gravações. Muito triste com mais um ídolo que se vai”, lamenta.

Marcelo conta que na época em que fazia parte da Banda Bêbados Habilidosos, costumava tocar muitas músicas nos shows. Para o músico, a perda do Rei do Blues “vai deixar uma lacuna na música mundial”.

O professor, jornalista e também músico Clayton Sales conta que B.B. King foi fundamental no início de sua vida profissional. “É um ídolo, o guitarrista de blues que mais admiro e o grande motivador há muitos anos para que começasse a gostar de blues, tocar blues e fazer um programa de blues no rádio. Como sou radialista, devo a BB King essa parte da minha carreira no rádio”.

Clayton Sales comanda, além de outros, um programa de rádio aos sábados chamado Blues e Derivados voltado ao público amante do Blues. Ele conta que B.B. King influenciou até na criação do programa. “O Blues e Derivados deve sua existência a ele”.

Para Clayton a perda do Rei do Blues significa muito para o mundo da música. “B.B. King é um dos expoentes máximos do blues, como guitarrista que influenciou gerações de artistas. John Lennon disse uma vez que a maior ambição de sua vida é tocar como BB King. Ele foi um dos mais produtivos artistas da música e seu sucesso mundial ajudou decisivamente a difundir o blues e a musicalidade oriunda dos negros dos EUA”, explica Clayton.

Definida como uma espécie de presente de aniversário que deu para si mesmo, Clayton destaca a emoção de ter ido a um show de B.B. King em São Paulo em 2010. “Tal Meca para os muçulmanos, presenciar um autêntico espetáculo in loco representou a obrigação de ser batizado por um sacerdote divino do gênero, um ungido pelos céus do Mississipi e Chicago, e assim, pregar a mensagem do blues a todos os povos e nações”, diz o trecho de uma crônica que o jornalista escreveu sobre o show.

O último show da lenda do Blues no Brasil ocorreu em 2012, em São Paulo. Antes, se apresentou no Rio de Janeiro e em Curitiba. Músico autodidata, B.B. King criou um estilo autêntico de guitarra. Em seus solos, ao contrário de outros guitarristas, o Rei do Blues preferia usar poucas notas. Ele dizia que conseguia fazer “uma nota valer por mil”.