Para bancar publicação de seu primeiro livro, garoto de 16 anos faz vaquinha na internet
João precisa arrecadar R$ 10 mil para publicar sua obra de literatura fantástica
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João precisa arrecadar R$ 10 mil para publicar sua obra de literatura fantástica
O mundo é o real. Ele é jovem e vive a complexa descoberta de seus sentimentos. A frustração, a vaidade, a tristeza e tantos outros. E para alguém que sofre com o bullying praticado no colégio, essa tarefa não é nada fácil. Mas tudo muda quando o garoto é transportado para uma dimensão paralela onde luta, ao lado de seres mágicos, para desvendar os mistérios do seu próprio coração.
Este é só um dos aspectos da complexa teia elaborada e escrita por João Vitor Oshiro, 16 anos. No início do ano o adolescente descobriu o dom de narrar, por intermédio da escrita, o mundo fantástico que sempre o apaixonou. Alguns meses e muitas páginas depois seu primeiro livro está pronto. São 282 páginas de uma história envolvente e surpreendente que poderia ter sido escrita por um psicólogo, mas surgiu da imaginação do menino apaixonado por livros.
Tudo começou em uma tarde de festa em família. João ouviu da prima o relato de um sonho que lhe pareceu estranho e decidiu registrar. Ali, percebeu o prazer que sentia ao escrever e iniciou sua jornada. Foram horas e horas dedicadas ao livro. A “cobaia” da história foi seu irmão Pedro, 12 anos, que lia trechos para que João pudesse medir sua reação. “Ele fazia perguntas, me instigava a responder. A partir da curiosidade dele eu construía os personagens da história”, conta.
Durante as férias escolares de julho não houve videogame ou filmes, o passa tempo de João foi desenvolver sua história. Agora, depois de pronta, o garoto procura ajuda para publicar o livro que é parte de uma trilogia.
Além de burocrático, o processo é bastante caro e requer no mínimo R$ 10 mil. Dinheiro que a família não dispõe no momento. “Ele nos mostrou o livro e ficamos encantados e muito orgulhosos do que ele produziu. Não é porque sou seu pai, mas é uma história de muita qualidade. Embarcamos nesse sonho dele e estamos fazendo de tudo para viabilizar o livro”, conta o professor Alex Figueiredo, pai de João.
Foi ele quem teve a ideia de pedir ajuda aos amigos em uma vaquinha on-line para ajudar o filho. “Pensei em conversar com alguns amigos para ajudar na nossa campanha. Para tornar o processo o mais transparente possível pensei na vaquinha on-line, mas não imaginava que tomaria essa dimensão”, diz o pai orgulhoso.
Em dois dias de campanha – no fim do mês e do salário – quatro pessoas já contribuíram, mas muitas outras se comprometeram a participar. “Não é algo muito comum um escritor adolescente de literatura fantástica em Mato Grosso do Sul por isso acreditamos que vale muito esse esforço”, diz Alex.
A literatura fantástica – animada por dragões, vampiros, gnomos e outros seres do tipo – é um gênero que está em alta no Brasil. Por muito tempo, foi discriminada por editoras de todo país que tiveram de se render a grande demanda a ser suprida. Todo universo que a envolve fascina o público de todas as idades e é responsável por uma grande fatia do mercado editorial.
Por isso, a família vive a expectativa de que o livro de João possa se tornar mais um exemplo de sucesso no cenário nacional. “As editoras buscam jovens talentos da literatura fantástica e não encontram com facilidade. Isso nos deixa otimistas em relação ao livro do João”, explica a psicóloga, Cris Oshiro, mãe de João.
Foi ela quem escreveu e publicou o primeiro livro na família e de certa forma “abriu as portas” para o filho. Os dois são os maiores incentivadores do garoto e como todos os pais corujas, fazem questão de acompanhar os filhos em todas as etapas.
J.V.Oshiro
Prestes a concluir o Ensino Médio, João vive a difícil tarefa de escolher uma carreira profissional. Depois de pensar em medicina, o garoto diz estar quase certo de que sua área é a psicologia. “Gosto muito do funcionamento da mente. Entender os sentimentos das pessoas”, conta. Mas a única certeza de João é de que seja qual for a profissão escolhida, ela disputará espaço com a vida de escritor. Esta sim é uma certeza.
“Eu me apaixonei por escrever. Me senti bem. Como se pudesse mudar qualquer coisa que sentia quando parava para escrever”, diz ao explicar que seu nome artístico será J.V.Oshiro, digno dos grandes nomes da literatura fantástica.
Quando perguntado sobre a possibilidade do livro não se tornar realidade e a frustração aparecer, João é enfático: “estou feliz em poder escrever algo que eu gostei de ler. Isso para mim é tudo”, diz. Aos pais, amigos e também a nós resta torcer para que o livro de João se torne um grande sucesso. Quem quiser colaborar com a vaquinha pode acessar o site. Há várias recompensas para quem contribuir. Olha lá.
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