Os amigos já percorreram mais de 23 países

“Esfrego os meus olhos. Paro um pouco e penso: não é possível, não estou aqui”.  É assim, com essa sensação de incredulidade que se iniciam todas as viagens de Geiser Barreto, 26 anos, e Rozembergue Nominato, 34 anos. Há cinco anos eles traçaram um objetivo: viajar! De lá para cá, já são 23 países visitados, muitas histórias, um blog para contá-las e a certeza de que o próximo destino é sempre o melhor investimento.

Tudo começou em 2006 quando, por motivos de trabalho, os dois mineiros deixaram Belo Horizonte com destino a Campo Grande. Por aqui, inspirados pelo clima convidativo da mistura da fronteira os dois passaram a desbravar o Estado. A paixão que sempre existiu, cresceu ainda mais e em pouco tempo parecia impossível controlar.

“É uma vontade muito grande de conhecer novos lugares e pessoas e é isso que se procura em uma viagem”.  Dá primeira viagem internacional em 2010 até hoje, os dois já estiveram em Portugal, Espanha, Estados Unidos, Itália, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Alemanha, Holanda, Bélgica, Irlanda, França, País de Gales, Inglaterra, Colômbia, Chile, Peru, Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia.

Os dois começaram pela Bolívia em 2010 quando tudo de mais desastroso aconteceu. “Eu fiquei doente. Tive uma intoxicação alimentar horrível e fiquei internado em La Paz por três dias. Mentalizei: ‘se não melhorar em três dias, volto para o Brasil’. Até hoje não sei se foi por sorte ou se foi por tanta vontade, o fato é que três dias depois estávamos a caminho do salar de Uyuni”, diz Geiser ao constatar que aquela foi a viagem mais simbólica da dupla.

“É tudo muito lindo por lá. Na Bolívia tudo tem cor. Eu me apaixonei. Algumas pessoas têm preconceito por só conhecerem a fronteira. Mas acho que todos deveriam ir até a Bolívia”, confirma Rozembergue.

Ou eles têm muito dinheiro ou vivem confinados em casa para evitar qualquer gasto, pensará você. Pois bem, pensei o mesmo e iniciei nossa conversa justamente com esse questionamento. Minha indagação foi imediatamente rebatida pelos amigos: “é uma questão de organização, apenas isso”, disse o professor de inglês Geiser.

E a organização parece, sim, ser a alma do negócio. Os dois embarcam para Miami, nos EUA, em julho e as passagens e passeios já foram comprados há pelo menos 60 dias. “Compramos as passagens de Miami para Orlando por um dólar. Sempre oferecem algumas passagens por esse valor 60 dias antes do embarque. Nós descobrimos isso e sempre aproveitamos. São nesses detalhes que economizamos”, conta Rozembergue.

Esta será a segunda viagem dos dois fora do estilo “mochilão”. A primeira foi para Nova York, nos EUA, no ano passado. Por lá se hospedaram em hotel, comeram do bom e do melhor e assistiram a um espetáculo da Broadway por US$ 17. “Também compramos 60 dias antes. Tem que gostar de organização e planilhas”, brinca Geiser.

Quem quiser conhecer mais das dicas dos dois, está tudo registrado no blog Mochilão Barato que compartilham. A ideia foi transformar o diário de bordo de Geiser em algo acessível a todos. “Uma vez me param no meio do aeroporto de Congonhas [São Paulo] com o meu roteiro na mão. Foi muito legal ver que tem gente do mundo todo olhando o nosso blog”, diz Rozembergue.

Em 2012, Geiser passou 30 dias na Europa e visitou 11 países gastando, no total, seis mil reais. “Nós nunca economizamos com comida, é uma opção nossa, mas quem opta por isso consegue economizar ainda mais”, diz Geiser orgulhoso. Por lá ele viu de tudo, conheceu muitas pessoas e se apaixonou por Londres. “Acho que o meu lugar favorito no mundo é Londres”.

Nessas viagens todas, além de conhecer lugares e pessoas, os dois dizem ter conhecido mais de nós brasileiros. “Não sabemos o respeito e interesse que outras pessoas têm por nossa cultura. Temos coisas ruins e boas como qualquer lugar no mundo e eu não entendo o porquê desse sentimento de inferioridade”, explica Geiser ao mostrar seu passaporte cheio de carimbos junto aos souvenires sobre a mesa. “Algumas pessoas têm como prioridade o carro, a casa. Nós temos isso e as nossas histórias, que pra gente é tudo.”