A Fundação de Cultura do governo de Mato Grosso do Sul apresenta nesta quinta-feira (23 de agosto), a partir das 20 horas, no teatro Aracy Balabanian, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, o show Back to the Past, da banda campo-grandense Time Travellers. A apresentação, que acontece pelo projeto Cena Som, fará parte do primeiro DVD dos músicos, que resgatam os timbres e pegadas do passado e herdam uma história de 45 anos de rock clássico.

Time Travellers é fruto dos sonhos de cinco músicos de idades e experiências diferentes. São 42 anos de idade separando o integrante veterano do mais novo. Jaime Miguel Barrera, o Miguelito, de 58 anos, é o titular da guitarra solo e do piano. Mário Breda, de 35 anos, na bateria e Marcio `Pindim´ Breda, de 32, no baixo, fazem a “cozinha”. João Pedro Grefe, de 20 anos, no vocal e Lucas Grefe, de 16, na guitarra, são os caçulas. Uma banda de irmãos de sangue e de som cuja união de gerações deu origem ao nome. Mas a diferença de idade fica só no papel.

Tradição

Miguelito é multi-instrumentista e um dos expoentes da música de Mato Grosso do Sul. Vive a essência do rock desde 1966, quando aos 13 anos fundou o Mini Boys. O grupo tocou em Campo Grande e Cuiabá, viajou pelo interior do Estado e foi atração da TV paulista: participou do programa Moacyr Franco, na Tupi e de Hebe Camargo, na Record. Com o fim do Mini Boys, em 1973, parte para um projeto bem mais ousado com os companheiros Lucio Val, José Carlos Maciel e Eder Morciaro. Duas bandas, os mesmos músicos, mas propostas um pouco diferentes. O Zutrik foi pioneiro no rock progressivo do então Mato Grosso. Com composições próprias, tinha letras que exaltavam a arte e a vida. Já o Lodzy fazia música instrumental com melodias ainda mais experimentais, com pitadas de jazz contemporâneo. As bandas formaram um público grandioso em shows completos, com direito a efeitos e iluminação especiais. Tocaram em programas de TV e casas de show de São Paulo. O palco principal, porém, era o clube Surian, que vivia o auge do rock em plena década de setenta. Gravaram um LP compacto em 1977 e um show ao vivo em Campo Grande, que não chegou a ser lançado comercialmente. O Time Travellers herda a tradição musical que remete ao Mini Boys, Zutrik e Lodzy, repaginando os antigos arranjos com a mesma essência valvulada, a mesma pegada clássica e a mesma vontade. Só que com novas letras, todas em inglês.

Uma nova história

Miguelito e João Pedro, os pioneiros do Time Travellers, gravaram de 2008 a 2011 quatro álbuns completos totalmente autorais no estúdio que o músico mantém na própria casa. O material foi colocado em sites especializados, como o Reverbnation. Foi nele que a dupla alcançou o quarto lugar entre músicos e bandas nacionais em visitas e audições, ficando atrás apenas de Nando Reis, Titãs e O Rappa. Atualmente são quase 70 mil downloads de músicas e elogios de fãs de países como Finlândia, Inglaterra e Austrália. A dupla passou a banda efetivamente em 2012. Nas visitas que o baixista Marcio Breda fazia a casa de Miguelito, o intrumentista o preparava: “Você e o Mário voltarão a tocar. Vamos fazer shows com o Time Travellers e vocês vão sair da aposentadoria. Então vão se preparando aí”.

Os irmãos tocaram durante seis anos com o Maria Tontera, grupo que contou também com a participação do filho de Miguelito, Erik Artioli. Participaram do Skol Rock de 1998, conquistaram o Festival Universitário da Canção de 1999, gravaram o álbum “O Peso das Coisas” em 2000 e fizeram apresentações em palcos do Rio de Janeiro em 2001, sempre com casa cheia. No fim de 2002, porém, o grupo deu uma pausa nas atividades. Uma segunda visita dos irmãos ao estúdio de Miguelito se transformou no primeiro ensaio da banda. Foi o início da reação química. O jovem Lucas Grefe colocou o peso que faltava ao som da banda. O processo estava completo. O Time Travellers realiza sonhos. O de Miguelito, de voltar a fazer rock clássico, adicionando pitadas de rockabilly e progressivo como na década de setenta. O de João Pedro, de ter interpretadas suas poderosas e criativas letras em inglês. O de Lucas Grefe, de fazer parte de uma banda com uma pegada que remete ao passado. E dos irmãos Mario e Marcio Breda, de novamente estarem juntos no palco.

Serviço: O teatro Aracy Balabanian fica na Rua 26 de Agosto, 453, entre a 14 de Julho e a Calógeras. Os ingressos podem ser adquiridos no local e custam R$ 15 e R$ 7,50 (meia entrada). Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 3317-1795 (Centro Cultural).