Já dura mais de uma hora e meia o confronto entre policiais e famílias que ocuparam, há duas semanas, um terreno que pertence à empresa Oi, no Engenho Novo, na zona Norte do Rio de Janeiro. Cerca de 1.600 policiais estão, desde a madrugada desta sexta-feira, atuando na reintegração de posse do local. A ação começou por volta das 4h45 e cerca de 40 oficiais de Justiça trabalham no local. Por volta das 6h30, a população que mora no local ofereceu resistência e entrou em confronto com a tropa de Choque da Polícia Militar. Bombas de efeito moral estão sendo usadas e o clima é de tensão. O prédio que existe no local, um carro da polícia e um ônibus foram incendiados durante a desocupação.

Alguns moradores reagiram e chegaram a jogar um coquetel molotov em direção aos militares. A polícia reagiu, atirou bombas de efeito moral e disparou tiros de borracha para dispersar os manifestantes que ocupam várias ruas do bairro. Há registros de feridos, incluindo uma criança de nove anos, que está sendo atendida por uma ambulância.

A prefeitura interditou as principais ruas no entorno do bairro do Engenho Novo para facilitar o trabalho de remoção das famílias. Há vários caminhões estacionados nas imediações para levar os pertences das famílias. A ocupação foi rápida e há invasores de várias comunidades como do Jacarezinho, da Maré, de Manguinhos e Arará, todas do subúrbio da cidade.

A PM enviou há pouco reforço para o local, devido ao enfrentamento do lado de fora do terreno. Homens do Batalhão de Operações Especiais e do Grupamento para Grandes Eventos, criado recentemente, estão dando apoio à ação. Os militares conseguiram afastar um grupo de invasores, que estava em frente ao terreno ocupado, para cerca de 500 metros à frente.

O local, batizado informalmente como favelinha da Telerj, foi ocupado no final de março e, no último dia 4, a Justiça concedeu ordem de reintegração de posse favorável à empresa.

Incêndios

Por volta das 7h20, o prédio principal do terreno começou a pegar fogo. Uma extensa coluna de fumaça podia ser vista de longe. Não há informações sobre a presença de feridos tanto no confronto como no incêndio, que foi extinto por volta das 7h40.

Alguns minutos depois, um carro da Polícia Militar e dois ônibus também foram incendiados no local.

Trânsito

Segundo o Centro de Operações da Prefeitura, permanecem interditadas algumas vias do Engenho Novo e motoristas devem seguir por desvios.

Prefeito cancela agenda

A assessoria do prefeito Eduardo Paes (PMDB) informou que o político cancelou a sua agenda na parte da manhã e convocou uma reunião interna no gabinete da prefeitura. O prefeito iria participar de uma inauguração de um Centro de Atenção Psicossocial em Bonsucesso, voltado para o atendimento da população do Complexo da Maré, ocupado recentemente por forças de segurança.

Não há informações sobre os participantes da reunião de emergência convocada por Paes.

Ocupação

A grande maioria das pessoas que ocupam o prédio decidiu invadir o imóvel para fugir da alta dos aluguéis, que teria disparado nas comunidades, principalmente depois dos processos de pacificação. “O objetivo de todos é a moradia, porque nós não estamos em nenhum projeto social do governo. Eu precisei sair da minha comunidade, o Jacarezinho, porque o aluguel ficou muito puxado. Eu ganho R$ 700 e pago R$ 400 de aluguel. O resto dá para comer o mínimo”, disse o mecânico Adriano Rodrigues de Oliveira, no último dia 8.

Na tarde de terça-feira uma reunião entre a juíza responsável pelo caso, oficiais da Polícia Militar, representantes da Defensoria Pública, da prefeitura e dos moradores da área ocupada foi feita, mas terminou sem acordo.