Maior cartão-postal de Mato Grosso do Sul, com projeção internacional em destino turístico, Bonito-MS, distante 300 km de Campo Grande, está envolvida em uma polêmica com o seu aeroporto. Administrado pela empresa privada DIX, a área está sendo cobiçada pelo prefeito, Leonel Lemos de Souza Brito, o Leleco (PT do B), para virar área de pastagem para gado. Os animais seriam distribuídos em volta da pista para controlar o tamanho da braquiária.

A ‘solução’ ventilada pelo gestor público não tem o aval da concessionária, nem da oposição, bem encolhida na Câmara Municipal, formada por três vereadores. Segundo Bosco Martins militante do PSD, eleitor da cidade que é contrário a Leleco, a ideia surgiu depois que a DIX solicitou apoio ao prefeito na manutenção da área do aeroporto. O pedido incluía a capinagem da braquiária e ajuda na limpeza.

“Ele por ser pecuarista deu essa ideia maluca, que não tem cabimento. O projeto de lei chegou a ser colocado em pauta e se entrasse em vigor os bois que iriam colocar  seriam os deles. É uma área pública”, esbraveja Bosco.

O projeto polêmico foi duas vezes a pauta da Câmara de Vereadores de Bonito para ser votado em caráter de urgência, no entanto, chegou a ser retirado por aconselhamento da assessoria jurídica da Casa de Leis. Leleco conta em sua base que tem os partidos PMDB/ PT DO B e PR,  com sete dos 11 vereadores, sendo três da oposição e um independente.

“Não sou a favor não pelo fato de ser oposição. É uma área destinada para o aeroporto e não para esse tipo de atividade. Tem vários fatores relativos a essa discussão que vão desde a segurança do local à imagem da cidade, que possui projeção internacional”, diz a vereadora também do PSD, Osair Xavier, que recebeu com espanto a polêmica e garante que se fosse votado o projeto de lei seria aprovado pela base do prefeito.

O ‘NÃO’

Ao receber a proposta de Leleco para a criação de gado no aeroporto a empresa que administra o local enviou um ofício para a prefeitura de Bonito, no qual refutou a alternativa. A concessionária também enviou comunicados para o Ministério Público, que investiga o caso, à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), à Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), ao governo estadual e outro à Aeronáutica.

“Se ele tomar qualquer iniciativa, caberá a ele ser responsável por isso com as autoridades. A DIX realizou a providência necessária, que era informar os órgãos competentes sobre o caso, em um documento que explica a negativa quanto a esse projeto. Não haverá ninguém da empresa na frente da boiada para impedir que seja feito isso”, afirma o diretor-executivo da concessionária que administra o espaço, Frederico Siqueira, que também lembrou da existência de leis nacionais e normas internacionais de segurança para os aeroportos.

Thalys Franklyn de Souza é o promotor de Justiça do município que averigua a situação. Ele informou à reportagem que, conforme sabe, o Município deverá pedir a suspensão do projeto, no qual a área do Aeroporto Internacional de Bonito seria utilizada como pasto. O Midiamax também procurou Leleco, prefeito de Bonito, porém não conseguiu contato.

*Material editado às 14h00 para acréscimo de informações