A Câmara Alta do Parlamento da Rússia disse que vai apoiar o governo local da Crimeia se a população decidir se juntar ao território russo. A afirmação foi feita pela presidente de Casa, Valentina Matvienko, nesta sexta-feira. À rede CNN, Valentina afirmou que “nenhuma das sanções” aplicadas pelos Estados Unidos e União Europeia, será suficiente para que os parlamentares alterem essa postura. As afirmações foram feitas após reunião com o representante do Parlamento da Crimeia, Vladimir Konstantinov.

“Se o povo da Crimeia decidir se juntar à Rússia no referendo, nós, da Câmara Alta, certamente vamos apoiar essa decisão”, afirmou Valentina. “Nós não temos direito de abandonar nosso povo quando há uma ameaça contra ele. Nenhuma sanção será capaz de mudar nossa atitude”, completou.

Uma delegação da península, que atualmente pertence à Ucrânia, foi até Moscou para encontrar os parlamentares russos, que demonstraram apoio à decisão do governo da região. A Crimeia, no sul da Ucrânia, está dominada por tropas russas desde a queda de Yanukovich.

Na quinta-feira, as autoridades de Moscou também apoiaram a Crimeia, que votou a favor da incorporação do território à Rússia e convocou um referendo popular para o dia 16 de março. A etnia russa é maioria nesta região da Ucrânia, que faz divisa com o território russo.

Diplomacia – Em uma conversa por telefone, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que a discórdia entre os dois países sobre a crise na Ucrânia não deve afetar as relações das nações. “Essa relação não deve ser sacrificada devido à discórdia sobre pensamentos individuais nesses conflitos internacionais, ainda que as questões sejam muito importantes”, disse o Kremlin em comunicado. Putin destacou “a primordial importância das relações entre Rússia e Estados Unidos para garantir a estabilidade e a segurança no mundo”.

Europa – Em Bruxelas, a cúpula extraordinária de líderes europeus dedicada à Ucrânia começou com um encontro com o novo primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yaseniuk, que acusou a Rússia de aumentar a “tensão” na Crimeia e de realizar “provocações”. O premiê interino disse estar disposto a assinar, “o quanto antes”, um acordo de associação com a UE. A recusa a firmar esse acordo no final de novembro, por parte de Yanukovitch, deflagrou uma onda de protestos que levou à crise atual.

A UE anunciou que firmará o acordo. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, declarou que a parte política desse acordo será assinada com Kiev antes das eleições de 25 de maio. Em relação à parte econômica, disse que poderá ser assinada, assim que as autoridades ucranianas firmarem um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ao fim da reunião extraordinária de seis horas em Bruxelas, os presidentes europeus chegaram a um acordo sobre uma estratégia de sanções progressivas contra Moscou para obrigar o governo russo a buscar, com o Executivo interino ucraniano, uma saída política para a crise, já “nos próximos dias”. “Deve começar a desescalada e, se Rússia não fizer isso, haverá consequências sérias em nossas relações bilaterais”, advertiu Van Rompuy, ao apresentar as decisões adotadas pelos presidentes. Os atos da Rússia na Crimeia “são sérios passos na direção errada”, declarou o premiê britânico, David Cameron.