Depois da entrega do inquérito policial, o Ministério Público apresenta nesta quinta-feira (15) a denúncia dos indiciados da morte do menino Bernardo em Três Passos, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, como mostra reportagem do Bom Dia Rio Grande, programa da RBS TV.

Uma coletiva de imprensa marcada para as 14h, na Unijuí, mostrará a decisão. Participam o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles; e a Promotora de Justiça Dinamárcia Maciel de Oliveira. Ela recebeu vista do inquérito policial após a decisão judicial sobre a prisão preventiva dos três indiciados e a intimação das defesas.

Bernardo Boldrini foi encontrado morto no dia 14 de abril, enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, no norte gaúcho, a cerca de 80 km de Três Passos, onde morava com o pai, a madrasta Graciele Ugulini e a meia-irmã. Ele estava desaparecido desde 4 de abril. Leandro, Graciele, a assistente social Edelvania Wirganovicz e seu irmão Evandro Wirganovicz estão presos. Os três primeiros foram indiciados por homicídio qualificado, e a participação do quarto ainda é investigada.

Vídeo mostra últimos momentos de Bernardo antes de ser morto

Imagens gravadas por uma câmera de segurança de um posto de combustível deFrederico Westphalen mostram os últimos momentos do garoto Bernardo antes de ser morto. O menino aparece no vídeo deixando a caminhonete da madrasta, Graciele Ugulini, e saindo com ela e com a assistente social Edelvânia Wirganovicz, no dia 4 de abril deste ano, data da morte do menino. Horas depois, as duas retornam sem Bernardo para o mesmo local.

O vídeo registra Graciele chegando em uma caminhonete preta, às 13h57 de sexta-feira (4). Ela para o carro e acena para Edelvânia, que está aguardando na calçada. A madrasta desce com Bernardo e encontra a amiga. Os três seguem até o veículo prata da assistente social. O carro sai e, conforme as investigações da polícia, segue até o local onde o garoto foi morto e enterrado.

Quase duas horas depois, às 15h42, o mesmo veículo prata retorna a Frederico Westphalen. As duas voltam para o posto de combustível. As imagens mostram a madrasta e a amiga conversando, lado a lado por alguns minutos, sem Bernardo. Edelvânia se despede e atravessa para o outro lado da rua. Graciele entra na caminhonete e vai embora.

Prisão preventiva decretada

Na terça-feira (13), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) decretou a prisão preventiva dos três indiciados pela Polícia Civil pela morte o menino Bernardo Boldrini, de 11 anos. O pai Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e a assistente social Edelvania Wirganovicz continuarão presos. A decisão é do juiz Marcos Luís Agostini, da Comarca de Três Passos, que também levantou o sigilo do processo.

Indiciamentos

Leandro Boldrini: atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ele também auxiliou na compra do remédio Midazolan em comprimidos, fornecendo a receita azul. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune.

Graciele Ugulini: mentora e executadora do delito de homicídio, bem como da ocultação do cadáver.

Edelvânia Wirganovicz: executora do delito de homicídio e da ocultação do cadáver.

Entenda

Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

“O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada”, relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. Na segunda-feira (14), o corpo do garoto foi localizado. De acordo com a delegada responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal, o que ainda precisa ser confirmado por perícia. A delegada diz que a polícia tem certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino, mas resta esclarecer como se deu a participação de cada um.