Ministro do STF defende reforma e diz que há escassez de boa política no Brasil
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu hoje (21) a urgência de uma reforma política no país. Segundo Barroso, a expansão do Judiciário nas decisões da vida pública brasileira deve-se, sobretudo, à escassez de boa política no pais. Ao ministrar a aula inaugural na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica […]
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu hoje (21) a urgência de uma reforma política no país. Segundo Barroso, a expansão do Judiciário nas decisões da vida pública brasileira deve-se, sobretudo, à escassez de boa política no pais. Ao ministrar a aula inaugural na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, Barroso abordou os temas judicialização da Política e Separação dos Poderes.
Barroso disse que a escassez de boa política talvez seja uma marca da atualidade no Brasil e que a constatação não é apenas dele, mas também da sociedade e da classe política. Segundo ele, é preciso romper com a inércia e reconhecer “a necessidade urgente, quase desesperada, de uma reforma política no país”. O ministro exemplificou com o atual modelo de financiamento de campanhas eleitorais, que, segundo ele, dá uma centralidade exorbitante ao dinheiro. “O dinheiro é o grande eleitor no Brasil, mas nenhuma democracia pode viver sem um debate de ideias, onde quem tem mais dinheiro financia-se melhor e faz o programa de televisão mais caro”, afirmou Barroso, Para ele, houve um descolamento entre a classe política e a sociedade civil, que faz mal à democracia.
O ministro ressaltou, entretanto, que quem deve fazer a reforma é o Congresso Nacional, e não o Supremo. “Essa reforma picotada e eventual feita pelo Judiciário não é boa, porém, acaba sendo o único instrumento pelo qual se tenta empurrar essa agenda”. Para ele, a superposição da vontade do Judiciário sobre a vontade política do Legislativo e do Executivo deve ocorrer somente em situações excepcionais, quando a violação à Constituição for muito ostensiva. Ele citou os casos julgados pelo STF das uniões homoafetivas e do aborto a fetos anencéfalos. “As minorias, muitas vezes, não podem contar com o processo político majoritário, e o Judiciário não deve faltar a elas, se se tratar de um direito fundamental.”
Além da proibição do financiamento de campanhas políticas por empresas, o ministro citou situações em que o Judiciário alargou seu campo de atuação para atender a demandas sociais que não estavam sendo atendidas pelas instâncias políticas ordinárias, como a recente decisão do STF sobre a fidelidade partidária. “Não é possível eleger-se num partido e no dia seguinte mudar-se para outro”, afirmou. “Tal situação não está prevista na Constituição, nem em lei alguma, mas, interpretando o princípio democrático, o Supremo considerou [a situação] fraude à vontade política.”
Para Barroso, outro ponto que favorece à judicialização é o fato de a Constituição Brasileira ser muito extensa e detalhada. “Costumo dizer que a Constituição Brasileira só não traz o amor verdadeiro em três dias”, brincou o ministro. “Procurando, quase tudo é possível postular na Constituição.”
Ao falar sobre a expansão do Judiciário, o ministro disse que é problemática e não deve ser considerada uma instância natural das decisões da vida política. “Ninguém deve achar que o modo natural de produzir decisões políticas em uma democracia sejam os litígios perante o Poder Judiciário”, ressaltou Barroso. De acordo com ele, o excesso de judicialização tem efeito excludente, pois só tem acesso ao processo judicial quem tem acesso a uma linguagem e formação específicas. Ele provocou gargalhadas ao classificar de medonha a expressão embargos infringentes e dizer que mútuo feneratício (modelo de contrato de empréstimo sobre o qual incidem juros) assemelha-se a uma expressão do Kama Sutra (texto indiano que descreve o comportamento sexual humano).
Como advogado, Barroso atuou no Supremo Tribunal Federal em casos como uniões homoafetivas, fim do nepotismo e cotas raciais. Já como ministro, suspendeu a decisão da Câmara de Deputados, que manteve o mandato do então deputado Natan Donadon (sem partido-RO), mesmo condenado pela Suprema Corte, e votou contra o financiamento eleitoral por empresas.
Notícias mais lidas agora
- Jeep roubado de ex-superintendente morto a pauladas e facadas é encontrado pela polícia
- Antes de assassinato, homem foi visto em cima de telhado de casa de ex-superintendente em Campo Grande
- VÍDEO: Agente de saúde reage e parte para cima de ladrão durante roubo de celular no Aero Rancho
- VÍDEO: Rua do Colúmbia ‘ganha’ cachoeira após enxurrada e moradores ficam revoltados
Últimas Notícias
Em um ano área queimada no Pantanal triplicou, aponta levantamento do Cemtec
Aumento é de 220,8% em relação ao mesmo período de 2023, que registrou 505.525 hectares queimados
Fundação de Cultura de MS abre edital para selecionar artesãos para ministrar oficinas no Estado
As inscrições vão de 23 de dezembro a 21 de janeiro de 2025
Idoso é morto a facadas após bebedeira em aldeia de Bela Vista
Argemiro foi socorrido ao hospital de Bela Vista, mas não resistiu aos ferimentos e morreu
Publicado edital de processo seletivo em Figueirão com salários de até R$ 3,2 mil
Vagas são para professores de ensino básico e auxiliares de desenvolvimento infantil
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.