“Minha vida está destruída”, diz juiz que debochou nas redes sociais por receber salário e não trabalhar

O juiz federal Marcelo Antônio Cesca, que publicou em seu perfil do Facebook uma mensagem na qual ironiza a postura do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), por estar impedido de atuar profissionalmente, afirma que está se sentindo sem função social. “Minha vida está destruída. Estou socialmente morto, pois não posso exercer minha profissão.” O juiz […]

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O juiz federal Marcelo Antônio Cesca, que publicou em seu perfil do Facebook uma mensagem na qual ironiza a postura do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), por estar impedido de atuar profissionalmente, afirma que está se sentindo sem função social.

“Minha vida está destruída. Estou socialmente morto, pois não posso exercer minha profissão.”

O juiz foi afastado de sua função em junho de 2012, ao ser diagnosticado com depressão. Segundo ele, três médicos da junta da Câmara dos Deputados, que avalia os afastamentos dos magistrados, o apontaram como apto para voltar ao trabalho.

Em mensagem publicada no Facebook em relação à sua questão com o conselho que rege sua classe, o juiz disse: “eu agradeço ao Conselho Nacional de Justiça por estar há 2 anos e 3 meses recebendo salário integral sem trabalhar, por ter 106 dias de férias mais 60 dias pra tirar a partir de 23/03/14, e por comemorar e bebemorar tudo isso numa quinta-feira […]”

Em relação à mensagem publicada em seu perfil do Facebook, Cesca afirma que não teve a intenção de fazer deboche.

“O que me sobrou foi tornar o assunto público. Eu não quis debochar da povo, que é quem paga meu salário.”

O juiz, que atuava na 15ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, diz ter sido abandonado pelos colegas em relação ao seu processo.

“A associação que representa os juízes não me responde mais.”

Segundo Cesca, ele chegou a escrever e-mails ofensivos à associação no período em que disse ter sofrido um surto psicótico

O juiz afirma que sua vontade é voltar ao trabalho, mas que o processo que avalia se ele pode retornar à atividade ou se ele deve se aposentar por invalidez não tem caminhado.

“Já pedi para que o processo fosse julgado. Não é falta de vontade de trabalhar. O problema é que o CNJ não julga meu caso. Estou sendo obrigado a ficar em casa.”

Ter tornado seu problema público, com ares de ironia, via Facebook, foi, segundo Cesca, uma maneira de protestar. A mensagem veio acompanhada de uma foto, na qual aparece a namorada do juiz, em uma praia de Santa Catarina.

Na publicação em que critica o CNJ, Cesca recebeu apoio de amigos da rede social e também críticas. Uma delas diz: “acho no mínimo vergonhoso um juiz postar isso. Qual é o discernimento que uma pessoa assim tem para julgar méritos com justiça? Reflete bem a cara do nosso judiciário”.

Sobre seu quadro de saúde, ele afirma que toma remédios estabilizadores de humor e que a medicação contra a depressão já foi suspensa por seu médico.

Em fotos publicadas no Facebook, o juiz conta detalhes sobre viagens que tem feito a lugares como Venezuela, Santa Catarina e Minas Gerais.

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