Menina de 16 anos enfrenta 210 dias em alto-mar

Foram 210 dias em alto-mar, ondas de até 12 metros, ventos de 75 nós, quatro tempestades inesperadas e muitos momentos de solidão. Uma aventura e tanto para uma menina de apenas 16 anos. Por sua coragem, Jéssica Watson, hoje com 21 anos, é um ícone esportivo da Austrália – país onde o esporte é levado […]

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Foram 210 dias em alto-mar, ondas de até 12 metros, ventos de 75 nós, quatro tempestades inesperadas e muitos momentos de solidão. Uma aventura e tanto para uma menina de apenas 16 anos. Por sua coragem, Jéssica Watson, hoje com 21 anos, é um ícone esportivo da Austrália – país onde o esporte é levado a sério. E tudo porque transformou o seu sonho de adolescente em um desafio incrível: ser a mais jovem velejadora a dar a volta ao mundo sozinha, sem escalas e sem assistência.

Foram três anos de planejamento até o início da aventura, em outubro de 2009. No mar, 38 mil quilômetros percorridos em sete meses a bordo do veleiro cor de rosa, carinhosamente chamado de Ella’s Pink Lady. Jéssica deixou a baía de Sidney e varou o Pacífico Sul, Equador, Sul de Cabo Horn, a ponta da América do Sul, África do Sul e todo sul da Austrália, retornando novamente ao ponto de partida a apenas três dias de completar 17 anos, em maio de 2010.

Na água, nem tudo foi fácil: Jéssica teve de comer bastante comida desidratada, já que “pescava mal”, tomar dezenas de banhos de água salgada e enfrentar a solidão lendo, cozinhando e decorando cupcakes. Também alimentou um blog e as redes sociais direto do alto-mar, com um computador conectado à internet via satélite. E preencheu um diário de bordo, que viraria best-seller, em 2010: True Spirit (Espírito Verdadeiro). A jovem, inclusive, veio ao Brasil para divulga-lo.

Vinda de uma família de experientes velejadores, Jéssica navega desde os oito anos de idade. Ao completar 13 anos, passou a acalentar o sonho de dar a volta ao mundo sozinha, inspirada por Jesse Martin que, em 1999, aos 18 anos, foi eleito o mais novo velejador a dar a volta ao mundo sozinho e sem ajuda.

Apesar das dificuldades no coração do mar, em momento algum a jovem pensou em desistir do desafio. Como recompensa pela coragem, pôde aproveitar de momentos de rara beleza, como o nascer do sol visto do meio do oceano, ser pega de surpresa ao avistar uma baleia azul e contemplar as estrelas refletidas no mar, de noite.

Hoje, ela luta pela fome no mundo

A chegada de Jéssica à baía de Sidney foi acompanhada por milhares de pessoas, que fizeram fila no porto. Até o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, apareceu, junto com as câmeras da TV local, que transmitiu o evento.

Seu barco foi comprado pelo governo por US$ 300.000 e está em exposição permanente no Museu Marítimo de Queensland, em Brisbane, na Austrália. A jovem também recebeu o prêmio o Spirit of Sport (Espírito Esportista) do Hall da Fama de Esportes da Austrália. Em 2011, Jéssica foi nomeada a Jovem Australiana do Ano.

Hoje Jéssica veleja menos do que gostaria, mas é por uma boa causa: tornou-se embaixadora do The World Food Programme (Programa de Alimentação Mundial) da ONU, viajando constantemente para a Ásia.

“Não deixe nada impedir você de alcançar seus sonhos. Sonhe grande e siga adiante. Se você definir isso na sua mente e trabalhar duro, tendo as pessoas certas ao seu redor, o que você pode conquistar é incrível”, ensina.

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