Haitiano abandona emprego em SC e reencontra namorada no AC

Há oito meses no Brasil, o jovem haitiano Gladimy Saint Louís, 24 anos, já está bem familiarizado com o País. Diferente dos seus conterrâneos, ele vivia em uma família relativamente rica no Haiti, cursava faculdade de agronomia na Universidade Nacional Evangélica de Santo Domingo, na República Dominicana, e era sustentado pelos pais. Um certo dia […]

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Há oito meses no Brasil, o jovem haitiano Gladimy Saint Louís, 24 anos, já está bem familiarizado com o País. Diferente dos seus conterrâneos, ele vivia em uma família relativamente rica no Haiti, cursava faculdade de agronomia na Universidade Nacional Evangélica de Santo Domingo, na República Dominicana, e era sustentado pelos pais.

Um certo dia o jovem decidiu mudar tudo e sair em busca de trabalho para não depender somente dos pais, já que sua família é grande e ele era o filho mais velho. Abandonou a faculdade no segundo ano e tomou o rumo dos seus compatriotas: o Brasil. Com bastante tempo no País, conseguiu um emprego, é auxiliar de produção em uma empresa que fabrica baterias, no interior de Santa Catarina.

Mas uma coisa o motivou a voltar ao Acre, há 17 dias, terra onde primeiro aportou, um amor antigo. O sentimento derrubou o jovem que procurava, inicialmente, uma aventura. Por todo o tempo que permaneceu no Brasil, trabalhou dobrado para juntar dinheiro e trazer sua paixão que havia deixado no Haiti, Sthephanie Gabriel, de 17 anos. “Ela veio com autorização dos pais”, assegura o rapaz, que diz ter desembolsado mais de US$ 6.500 pela viagem da namorada, que também trouxe o irmão.

Saint Louís fala cinco idiomas, o espanhol, crioulo, francês, inglês e agora o português. Estiloso, se veste como um jovem “descolado” e tem pequenas tranças no cabelo estilo “black power”. Atualmente, está no mesmo abrigo com a namorada, enquanto ela regulariza sua situação no Brasil. No País, eles obedecem todas as regras. “Dormimos em lugares separados”, garante. Os alojamentos de homens e mulheres são afastados, impossibilitando a quebra dessa ordem interna.

Futuro e dificuldades

Mesmo com um futuro promissor, o jovem decidiu romper com as regalias de casa e resolveu se aventurar por um destino desconhecido. Ele só não contava que as coisas seriam difíceis, árduas e complicadas. Saint Louís não sabe o que o espera para os próximos dias. A permissão do patrão era passar somente quatro dias no Acre. Mas já se vão 17 e ele não conseguiu ainda explicar o motivo para a empresa.

Agora juntos, pretendem despontar pelas estradas do Brasil a fim de chegar na cidade das Treze Tílias, interior de Santa Catarina. O local é onde ele trabalha e mora. A esperança é encontrar, ainda, o trabalho esperando e o alojamento oferecido pela empresa. Com medo, sabe que a única certeza é não ter mais nada certo no seu novo lar, nem mesmo o salário do mês, uma vez que pode ser até demitido por justa causa, por abandono de emprego, conforme o artigo 482 da CLT.

“Tive que arriscar, trabalhei pesado e dobrado para conseguir reencontrá-la. Uma pena que aqui no Acre ainda não conseguimos a documentação necessária”, lamenta em português fluente. Os jovens ainda aguardam o protocolo que legaliza a imigração da adolescente para, enfim, seguir viagem.

No abrigo disponibilizado pelo governo do Acre em uma chácara de Rio Branco, os jovens passam a maior parte do tempo juntos. Quando não estão grudados, o passatempo de Sthephanie é dormir. Já Saint Louís gosta de estar entre amigos. No período que fica no alojamento, não perde tempo. O papo tem que acontecer. Mas o único assunto é a luta dos desafios que estão enfrentando.

O jovem haitiano é duro e não deixa a namorada ser fotografada, mesmo com muita insistência. “Não quero, é melhor ela não aparecer. Ela é tímida”, desconversa. Saint Louís não sabe o futuro, mas se não for mais em Santa Catarina, pensa em procurar um lugar mais quente. “Puxa, lá é muito frio. Vou trabalhar todo dia com umas quatro blusas”, comenta.

A expectativa é que o patrão tenha compaixão pela paixão de Saint Louís e Sthephanie Gabriel. Caso, na volta para Santa Catarina, a resposta seja negativa, o jeito vai ser procurar logo outro emprego para que o amor não morra de fome.

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