O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, acusou hoje (17) a Rússia de trabalhar para que presidente da Síria, Bashar Al Assad, permaneça no poder. No último sábado (15), a segunda rodada de negociações no âmbito da conferência para a paz na Síria, Genebra 2, terminou sem avanços.

“O regime obstruiu, não fez mais do que continuar a bombardear o seu próprio povo com barris de explosivos e a destruir o seu próprio país. E eu lamento ter de dizer que ele o fez com o apoio do Irã, do Hezbollah e da Rússia”, disse Kerry em uma entrevista à imprensa em Jacarta.

“A Rússia deve fazer parte da solução em vez de fornecer ainda mais armas e ainda mais ajuda ao regime sírio para favorecer Assad”, acrescentou.

A Rússia, por outro lado, pediu ao enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe para a questão síria, Lakhdar Brahimi, que as partes não se culpem pela falta de progresso nas negociações.

“Foi um diálogo difícil, dadas as sérias diferenças entre as autoridades sírias e a oposição em relação a um acordo político-diplomático para a Síria e as prioridades em relação à solução dos problemas”, disse o ministro de Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

A Conferência de Paz Genebra 2 foi iniciada pelos Estados Unidos, que apoia a coligação da oposição síria, e Moscou, que apoia o governo. A segunda rodada de negociações terminou sem resultados no sábado, o que colocou em dúvida o futuro dos entendimentos para pôr fim aos três anos de conflito na Síria.

O Communiqué de Genebra, documento adotado em 2012, prevê o fim da violência sob todas as formas e a formação de uma autoridade governamental de transição, mas sem mencionar o destino de Assad. No primeiro encontro direto desde o início dos conflitos, as duas partes insistiram nas suas posições e não avançaram. A questão do destino do presidente sírio, decisiva na batalha negocial entre poder e oposição, acabou por bloquear o segundo diálogo no final de janeiro.

O conflito na Síria, em que uma revolta pacífica desencadeada em 15 de março de 2011 evoluiu para um conflito armado face à repressão do regime, já provocou mais de 135 mil mortos, acima de 2 milhões de refugiados em países vizinhos e 4,5 milhões de deslocados internos.