Estudante que teve vídeo de suposto estupro divulgado será apontada como autora e vítima

A aluna foi filmada por colegas durante suposto estupro dentro de escola estadual de Campo Grande. Mas, era a única envolvida com mais de 14 anos, idade necessária para ser responsabilizado por ato infracional no Brasil.

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A aluna foi filmada por colegas durante suposto estupro dentro de escola estadual de Campo Grande. Mas, era a única envolvida com mais de 14 anos, idade necessária para ser responsabilizado por ato infracional no Brasil.

O caso da menina de 14 anos que foi filmada fazendo sexo oral em um colega na Escola Estadual Teotônio Vilela, no bairro Universitário, região sul de Campo Grande, pode ter desfecho surpreendente. Inicialmente se falou de suposto estupro, mas ela própria pode ser considerada autora.

Como a aluna não aparenta estar sendo pressionada, e todos os meninos apontados por ela como responsáveis pelo vazamento do vídeo têm entre 10 e 13 anos, todos os envolvidos no vídeo que vazou com as cenas de sexo podem acabar apontados como autores e vítimas do ato infracional.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Maércio Alves Barboza, da Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude (Deaij), o caso é inédito e peculiar.

O que ele considera inusitado é que todos os envolvidos apontados pela vítima têm entre 10 e 13 anos. Entretanto, para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), apenas os maiores de 13 anos têm discernimento para cometer ato infracional.

Sendo assim, a adolescente que tem 14 anos seria a única a ser responsabilizada, se for levar ao pé da lei, uma vez que ela era a única que tinha conhecimento do que estava acontecendo.

Diante disso, o delegado ainda analisa como qualificar os envolvidos. “A princípio todos eles, inclusive a jovem, serão qualificados como vítima e autor”, frisa. O caso será entregue ao Ministério Público Estadual (MPE) que pode ou não alterar o ato infracional e que por fim, pode ser alterado mais uma vez pelo juiz responsável pela causa. “Tudo isso depende do entendimento que ele tem e eu não tenho conhecimento de como a doutrina vê isso atualmente”, fala.

Investigação

Pelas oitivas dos envolvidos que ocorreram nas últimas duas semanas, todos revelaram que o fato foi combinado entre eles, exceto o depoimento da aluna. Ela afirmou que teria supostamente sido coagida por três alunos. O delegado ressalta que a vítima pode ser ouvida novamente sobre o fato. 
Pelas declarações, a colega da vítima, que foi chamada por ela como “aliciadora”, já mantinha um relacionamento com o garoto, que pagava R$ 5 pelo sexo oral. No total foram seis encontros desde agosto do ano passado até fevereiro deste ano.
Durante um evento na escola. Os alunos teriam combinado de se encontrar em uma obra dentro do colégio, longe dos olhos dos demais, porém o garoto que ela mantinha relação “ficaria” com a vítima de 14 anos e ela com outro aluno. Além disso, um terceiro foi até o local “assistir” a relação dos dois casais. 
Um dos jovens começou a filmar a garota fazendo sexo oral nele e que ela tinha conhecimento disso, tanto que ela disse “você está filmando?”, e em seguida, dá risadas. 
Além do ato infracional de estupro, esse jovem será responsabilizado por divulgar vídeos pornográficos, pois ele teria enviado o conteúdo a um grupo da sala, que acabou se espalhando. 
“Sobre o porquê de ele ter feito isso, o garoto se limitou a dizer que queira ser ‘reconhecido’ na escola, mas que jamais pensou nas consequências, como a exposição da vítima”, revela o delegado da Deaij. 
“Pelas declarações ouvidas até o momento, a princípio foi constatado que houve conscientização dos envolvidos e que não houve a violência real”, explica o responsável pelo caso, Maércio. 
Ele já pediu a degravação do vídeo e os laudos de corpo de delito da adolescente de 14 anos que foi requisitado no dia em que ela, juntamente com a mãe, procuraram a Deaij para fazer a denúncia.

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