Há um ano o quilo da erva mate tradicional, usada para tomar o delicioso tereré sul-mato-grossense, custava cerca de R$ 6,50, no Mercadão Municipal. Hoje o mesmo produto custa R$ 11,00. E se for com sabor o preço fica ainda mais salgado R$ 13,00.

A sul-mato-grossense Maria Isabel Ozuna dos Santos, 20 anos, estuda em Santa Catarina e costuma levar várias caixas para passar o ano no estado sulista. Com a alta do produto, hoje comprou apenas meio quilo e se diz assustada com o valor. “Quando eu vinha sempre levava algumas caixas para tomar lá em Santa Catarina. Mas não custava tudo isso”, conta.

Recém-chegada de um passeio em Bonito – cidade a 300 quilômetros de Campo Grande – ela revela que lá o preço estava ainda mais salgado. “A minha preferida é a Kurupí, mas tava R$ 15,00 em Bonito e não tive coragem de pagar”, conta. “Por isso, vem aqui comprar a granel. Para pagar menos”, revela.

A surpresa foi ver que não havia tanta diferença. Ao ver que a erva saborizada estava R$ 13,00 optou em levar apenas meio quilo.

O preço tem pegado muitos consumidores de surpresa e afastado os clientes, conta o Francisco Morel, 25 anos. “O movimento era muito maior. Caiu demais”, diz.

Segundo Morel, a culpa da alta é da Coca Cola que comprou tudo quanto é erval no estado. “Eles também são donos do Matte Leão e compraram os ervais todos com porteira fechada, tá difícil encontrar de quem comprar”, justifica.

Com a erva em falta, o fim não poderia ser outro senão a alta do produto, diz, lembrando que os consumidores sumiram.

Rio Grande do Sul

No ano passado, o mesmo aconteceu no Rio Grande do Sul. Segundo publicações de jornais gaúchos, o principal fator que influenciou o aumento do preço da erva mate naquele estado se refere à falta de matéria prima, pois a Coca-Cola, após ter entrado para o mercado do ramo, comprou a maioria das substâncias que compõem a erva-mate.

Além disso, as exportações cresceram 100% nos últimos 10 anos. Mais de 30 países comercializam a erva-mate brasileira. Com a alta no preço da erva-mate, a tradição e o hábito de tomar o bom mate pela manhã ou no fim de tarde, além do tereré, aqui em Mato Grosso do Sul, começa a ficar comprometido.