Em Coxim, confecção de chinelos vira fonte de renda para detentos

Reeducandos do Estabelecimento Penal Masculino de Coxim estão aprendendo a trabalhar com decoração de chinelos. A arte envolve técnicas de bordado, macramê, pintura e decupagem, e está sendo encarada pelos detentos “aprendizes” como uma forma de garantir ocupação produtiva e rentável para toda a família. É o que garante Ramão Rangel Dias Neto, 22 anos, […]

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Reeducandos do Estabelecimento Penal Masculino de Coxim estão aprendendo a trabalhar com decoração de chinelos. A arte envolve técnicas de bordado, macramê, pintura e decupagem, e está sendo encarada pelos detentos “aprendizes” como uma forma de garantir ocupação produtiva e rentável para toda a família.

É o que garante Ramão Rangel Dias Neto, 22 anos, um dos 23 custodiados que estão sendo qualificados. Nivelador de topografia por profissão, está preso no local há cerca de quatro meses por trafico de entorpecentes. “É uma oportunidade de trabalhar junto com a minha esposa e conquistar um dinheiro extra. Quero ensinar para ela o que eu aprender aqui”, assegura.

Com duração prevista de três meses, a qualificação é desenvolvida no presídio por meio de parceria entre a Agepem (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e o Conselho da Comunidade de Coxim, que disponibiliza os recursos necessários. As aulas acontecem no próprio solário e são divididas por turmas; alguns internos, por conta de questões de segurança, recebem aulas mais individualizadas.

De acordo com a instrutora do “Curso de Decoração de Chinelos”, Ivone Rangel de Oliveira, é um trabalho muito detalhado, pois as técnicas utilizadas exigem vários cuidados de acabamento. “Mas pode ser um trabalho rentável, com um ganho de cerca de até mil reais por mês”, comenta. “O acabamento caprichado que fará toda a diferença de quanto você pode lucrar”, completa.

Para o diretor do presídio, Edilson Ferreira, levar capacitação profissional aos reeducandos contribui não só para a reinserção social dessas pessoas, como também ajuda a manter a disciplina e o ambiente de harmonia no local. “O Conselho da Comunidade, bem como Pastoral Carcerária, constantemente nos ajuda a oferecer cursos de qualificação aos nossos custodiados, e isso é muito positivo, pois auxilia no processo de ressocialização e ainda incentiva o bom comportamento”, ressaltando que os com faltas disciplinares não podem participar.

Preso por furto, Gilmar da Silva Alexandre, 26 anos, endossa as palavras da direção do estabelecimento prisional. “A gente passa o tempo e não fica pensando besteiras, não fica revoltado. Estou aqui pagando o que eu devo e aproveito para aprender algo útil e que vai me ajudar a ter uma vida diferente lá fora”, afirma, revelando que também se ocupa estudando no ensino regular. “Estou cursando a 4ª série”.

Administrado pela Agepen há pouco mais de dois anos, o Estabelecimento Penal Masculino de Coxim já recebeu nesse período uma série de melhorias em sua estrutura de segurança, como a construção de um muro com 4,5 metros de altura e instalação de câmeras de monitoramento; e está em fase de projeto uma ampliação em mais de 100 vagas ainda este ano, com obra realizada por meio de parceria entre a Agepen e a Covep (Coordenadoria das Varas de Execução Penal), do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Além da melhoria em sua estrutura, a unidade prisional vem recebendo vários projetos de reinserção social, como a confecção de brinquedos pedagógicos pelos internos, que são distribuídos a creches e escolas públicas da região, e o projeto “Uma Porta Aberta para o Futuro”, que consiste no empréstimo de obras literárias aos reclusos e na produção de textos sob orientação, escrevendo desde gibis, histórias infantis a romances e letras de músicas.

Atualmente, os detentos têm direito a ensino regular oferecido dentro do presídio com uma extensão da Escola Polo Regina Anffe Nunes Betine, dotada de biblioteca; participam também de atividades esportivas, culturais e artísticas; cursos profissionalizantes e de trabalho que garante remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados, uma das opções de trabalho é a cozinha industrial terceirizada instalada na unidade, que ocupa mão de obra remunerada dos próprios presos. Uma padaria também deverá ser instalada no local.

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