Dinheiro em espécie é opção mais barata após aumento do IOF

Utilizar dinheiro em espécie é a principal recomendação para turistas brasileiros que viajam ao exterior, principalmente depois do anúncio do governo, no último dia 27, sobre o aumento nas taxas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) dos cartões pré-pagos e de débito. De 0,38% as taxas passaram para 6,38%, mesmo valor do cartão de crédito. […]

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Utilizar dinheiro em espécie é a principal recomendação para turistas brasileiros que viajam ao exterior, principalmente depois do anúncio do governo, no último dia 27, sobre o aumento nas taxas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) dos cartões pré-pagos e de débito. De 0,38% as taxas passaram para 6,38%, mesmo valor do cartão de crédito. Segundo o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Samy Dana, a diferença de seis pontos percentuais nas taxas, com o dólar em uma cotação de R$2,30, chega a R$0,15 de aumento, fato que exige cada vez mais planejamento nos gastos da viagem.

“Em geral, a gente pede para as pessoas pensarem antes os gastos. É claro que o cartão de crédito vale como emergência, mas é interessante fazer uma programação. Com a internet é muito mais fácil conseguir pesquisar preços antes e evitar levar mais dinheiro do que o necessário”, recomenda.

Cartões pré-pagos

Para o vice-presidente executivo do Grupo Confidence, Andreas Wiemer, a medida pegou os clientes de cartões pré-pagos de surpresa, mas quem já havia carregado o cartão não está incluso na nova taxa. “Temos acompanhado a preocupação dos clientes. Antes do aumento, a procura era enorme. Mas para quem já carregou não há nenhum problema, diferentemente de quem irá usar cartões de débito, que cobram a taxa na hora do uso”, afirma.

Wiemer também destaca o dinheiro como a grande vantagem para o turista, mas não descarta as diversas vantagens do cartão pré-pago em comparação ao cartão de crédito, como o limite de carga, a segurança perante perda, roubo ou fraude, melhores conversões da moeda e menores riscos de variação cambial. “Na verdade, essa concorrência com o cartão de crédito, que agora está no mesmo nível, já era o cenário de antigamente, quando nem o cartão de crédito tinha IOF. O cartão pré-pago é um produto que indicamos há muitos anos por suas vantagens. Claro que o dinheiro em espécie sai mais barato, mas esse auxílio para o usuário é mais eficiente que o cartão de crédito”, recomenda.

O diretor comercial do Grupo Master Turismo, Lenini Lamounier, segue recomendando o uso do cartão pré-pago para quem ainda vai viajar, pois os riscos de levar grandes quantias em espécie são altos. “Leve o mínimo para emergências, como táxi, gorjetas e souvenires para não depender do cartão. Mas o cartão pré-pago ainda é vantajoso, mesmo sendo tributado. Na pior das hipóteses, use o cartão de crédito”. Dana ressalta a necessidade de planejar, o que é muito mais fácil com o cartão pré-pago: “entendo que ele possibilita pesquisar mais e conseguir uma taxa de câmbio mais vantajosa. Cada vez mais o planejamento se faz necessário. Quem for gastar sem planejar acaba amargando um prejuízo e a volta da viagem pode virar uma dor de cabeça.”

IOF não é solução

Wiemer lamenta que o consumidor deva pagar a conta diante da nova estratégia do governo. Se a ideia era arrecadar sobre os gastos dos brasileiros no exterior, cujos níveis bateram recordes em 2013, para o professor Dana seria preciso, primeiro, repensar o preço dos produtos no País: “o movimento não deveria ser o IOF, mas uma reflexão de por que o Brasil é tão caro e por que as empresas brasileiras não produzem a preços mais competitivos”. Para Wiemer, a medida assusta por trazer a ideia de que as pessoas voltem a buscar o mercado informal: “ a gente espera que o governo não caia na besteira de começar a achar que o brasileiro vai deixar de viajar para o exterior por causa de aumento de impostos. As pessoas podem começar a procurar o mercado paralelo.”

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