Ter uma casa de madeira com janelas que se abrem para fora e portinhola na porta para ver quem está do outro lado já foi o sonho de muita gente. Mas hoje, com a oferta de vários materiais, além da alvenaria, as casas de madeira foram ficando para trás.

Um dos motivos de não se construir mais casas de madeira é o alto custo da construção e também da manutenção. Ter uma casa de madeira como as que se via antigamente não sai nada barato.

Everaldo Pedreira, de 37 anos, que está construindo a própria casa, de alvenaria, na região do Seminário, conta que havia muitas casinhas de madeira por ali, que aos poucos foram desaparecendo.

Para ele, que trabalha com várias coisas, a manutenção da madeira é o que faz as pessoas desistirem de casas assim. “Você tem ideia de quanto custa construir uma casa toda de madeira. O madeiramento é uma das partes mais caras da obra. Enquanto o milheiro do tijolo sai a R$ 500, quanto custa a madeira?”, questiona.

“Sem dizer a manutenção. A alvenaria você constrói e esquece. Já a madeira tem que estar em constante manutenção para não ficar feia, estragar ou até mesmo ser tomada por cupins”, emenda.

Ao lado da casa que Everaldo está construindo uma pequena casa de madeira já está com os dias contados para ir ao chão. Everaldo conta que a dona desistiu de manter a casa já que tinha dificuldades para alugar. “Ela mora em Rio Negro e a casa é investimento, depois de ter trabalho com os inquilinos resolveu construir uma de alvenaria”, conta.

Segundo ele, as pessoas alugavam e depois reclamam da casa, por ser de madeira, e acabavam abandonando, deixando dívidas e contas para trás. “Ela cansou”, diz.

Madeiras de casas viram móveis

Quem lucra com a derrubada das casas são as lojas especializadas em móveis de demolição. O comerciante Emerson Pontes Columbiano, de 41 anos, há 12 trabalhando com móveis de demolição, conta que antes de a madeira deste tipo virar moda chegou a ganhar vila inteira de casas para fazer móveis. “Logo que comecei eu procurava as casas, batia, conversava e quando a pessoa ia demolir pedia madeira ou comprava. Era muito barato”, conta.

Ele revela que essa época acabou, já que as pessoas agora conhecem o trabalho dele, como de outros comerciantes, e sabem que a madeira de demolição tem valor. “Agora está caro. Essa madeira tem muito valor”, diz.

Para sobreviver às mudanças de mercado, ele conta que busca agregar valor nos detalhes para compensar os custos. “Fazemos um trabalho mais diferenciado. Um móvel de qualidade, rico nos detalhes, em desenhos”, explica, pontuando que as pesquisas são constantes para fazer diferente.

Sócia de Emerson, Daniele Oliveira Columbiano, de 28 anos, diz que a vantagem dos móveis de demolição é que são todos feitos com madeira nobre. No negócio deles, por exemplo, apenas a peroba rosa é usada.

A madeira muito comum nas construções de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo tem fibras na madeira que fazem uma textura toda especial. Além das madeiras de caibros, vigas e tábuas, eles aproveitam ferragens antigas de portões e janelas para dar um acabamento especial aos móveis.