Polícia Civil prometeu investigar como placa original da empresa Ions, contratada pelo Detran-MS, chegou às mãos de quadrilha que roubou e matou Erlon Bernal.

Um dos mistérios que persistem na investigação sobre a morte do empresário Erlon Peterson Pereira Bernal, que teve o corpo encontrado em uma fossa no bairro São Jorge da Lagoa, é como os responsáveis pelo crime conseguiram emplacar o carro (um Golf que era prata e teve a cor trocada para branca). O fato deixa os despachantes da cidade intrigados.

Segundo a delegada Maria de Lourdes Cano, As placas utilizadas pelos bandidos que mataram Erlon Peterson Pereira Bernal para disfarçar o carro que roubaram dele são originais e foram fabricadas pela empresa ‘Ions’, que é fornecedora oficial de placas e tarjetas automotivas do Detran-MS e tem sede em Campo Grande.

De acordo com Roberto Barros de Oliveira, 65 anos de idade, e 42 de experiência como despachante, ex-presidente do sindicato da categoria por vários anos, existe uma norma do Detran-MS que regulamenta o emplacamento de veículos e deveria, na prática, evitar esse tipo de problema.

Segundo ele, se a placa é original, em algum ponto do processo alguém deu um “jeitinho”.

Oliveira diz que as placas só podem ser entregues pela fabricante diretamente ao Detran-MS e, durante a semana, o emplacamento acontece apenas no pátio do órgão estadual. Aos sábados pela manhã, um funcionário do Detran-MS é escalado para fazer o emplacamento na sede do Sindicato dos Despachantes.

“O procedimento é bastante rigoroso. No começo do caso em imaginei que o carro já estivesse no Paraguai, mas depois que foi revelado que ele estava aqui na cidade e com as placas trocadas, porém legais, estranhei muito. Só posso imaginar que em algum ponto do processo, que não sei qual houve um “jeitinho” para que a placa chegasse até aos ladrões”, afirmou o despachante.

Investigação segue

A Polícia Civil promete ir atrás do caminho que o material percorreu até chegar às mãos da quadrilha. Em coletiva nesta terça-feira (15), a Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (Defurv) afirmou que vai investigar a empresa.

Segundo a delegada Maria de Lourdes Cano, a empresa é credenciada pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e terá que dar explicações sobre o porquê de ter fornecido a placa à quadrilha. A delegada não descarta a possibilidade de um esquema de fornecimento de placas ter sido montado.

O dono da empresa, funcionários e o  Detran já foram ouvidos. Conforme Maria de Lourdes, os responsáveis pela empresa disseram que não sabem quem solicitou a placa e que o pedido teria sido feito por telefone, no dia 28 de março. “Eles disseram que era um dia muito tumultuado e que não anotaram quem solicitou”, diz a delegada.

Ainda conforme a Maria de Lourdes, há uma norma do Detran em que um funcionário da empresa deve levar a placa ao Detran para dar continuidade ao processo de emplacamento, o que não aconteceu no caso. O Detran ainda afirmou à polícia que não tinha nenhum processo administrativo envolvendo a placa que foi encontrada no Golf de Erlon.

Com a placa confeccionada por uma empresa credenciada e com a cor do veículo alterada, a delegada diz acreditar que o carro poderia ser levado facilmente para o Paraguai, onde poderia ser vendido ou trocado por drogas.  O caso será apurado em um auto complementar ao inquérito que apura o latrocínio do empresário. A Polícia Civil espera concluir o caso em até dez dias..