A decisão do governo brasileiro de reajustar o valor da bolsa paga aos médicos cubanos foi classificada como inócua pelas entidades de classe. Para representantes da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), não há explicação para não equiparar os valores. “Se (o governo) paga R$ 10 mil para um, deveria pagar para o outro também. Não tem avanço nesse reajuste”, argumenta o presidente da AMB, Florentino Cardoso. Para o vice-presidente do CFM, Carlos Vital, essa é mais uma incoerência do programa. “Não é aumentar um pouquinho o pagamento que resolve, (o programa) continua sem isonomia”, alerta.

Conforme o Correio informou ontem, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Saúde, Arthur Chioro; e da Casa Civil, Aloizio Mercadante; elaboraram uma proposta para reajustar em 100% o valor que os profissionais da ilha caribenha recebem por meio do convênio com a Opas. O repasse de US$ 400 (R$ 950) que os cubanos recebem deverá ficar entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil. A proposta foi discutida na segunda-feira, mas continua parada na Casa Civil. O governo brasileiro aposta na boa relação com a Opas, que ainda não foi informada da decisão, para mediar mudança do convênio.

Ontem, em Manaus, a presidente Dilma Rousseff minimizou os problemas do programa. Ela disse que o Mais Médicos é um sucesso e evitou falar dos desertores. “Esse é um programa do meu coração, que eu cuido todo dia. Óbvio que você tem, sempre vai ter, um problema aqui e outro ali, e você tem que resolver”, justificou.