O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que a falta de água nos municípios da Baixada Santista ocorreu devido ao aumento inesperado no consumo na região.

Alckmin disse que o calor fez o consumo de água na Baixada Santista, que costuma ser de 150 litros diários por pessoa, subir para 350 litros nos feriados de fim de ano. “Tivemos dez dias praticamente [de feriado] e passamos esse período todo sem chover.”

Foram atingidos os municípios de Santos, Guarujá, Bertioga, Praia Grande, São Vicente e Itanhaém.

Os casos mais graves ocorreram em Guarujá, onde o bairro da Enseada foi o mais afetado. Há locais com falta de água desde o fim do ano.

“A água continua faltando nas casas da região e também no comércio”, afirmou o morador José Carlos do Nascimento, 35. Segundo ele, os dias mais críticos foram sexta-feira e sábado.

“No domingo houve melhora e pensamos que o problema seria resolvido hoje, mas continuou. Muita gente subiu a serra antes”, disse.

Em um condomínio na Enseada, a saída foi contratar quatro caminhões-pipa, ao custo de R$ 7.800.

“Na alta temporada sempre temos problemas, mas agora foi bem mais grave”, relata o síndico Nívio Couto.

Funcionário de um dos quiosques da praia, Gilmar Lima contou que alguns hotéis e restaurantes tiveram que fechar as portas. Segundo ele, houve melhora no fornecimento no domingo, mas o problema voltou ontem.

De acordo com a Sabesp, o problema na Enseada surgiu no dia 29, quando a oscilação na energia elétrica quebrou o sistema de bombeamento.

A pane foi resolvida no mesmo dia, segundo a empresa, mas o alto consumo durante toda a semana retardou a normalização do sistema. O que ocorreu apenas ontem, segundo a Sabesp.

Para o engenheiro Dante Pauli, presidente da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), o problema é resultado da falta de planejamento.

“É uma questão de planejamento geral. Vai muita gente para um mesmo lugar, o que é um direito das pessoas. E o consumo, ainda mais com o calor, é altíssimo”.

Segundo a Sabesp, um prédio de Guarujá que tem a caixa de água dimensionada para até 1.000 pessoas, chega a receber 1.800 nesta época. A empresa nega que não tenha como produzir água para os 3,7 milhões de pessoas que estavam na região na semana passada.