A Comissão Europeia, órgão deliberativo da União Europeia, anunciou, nesta quarta-feira (5), um pacote de ajuda financeira para a Ucrânia no valor de 11 bilhões de euros. O anúncio acontece um dia depois de o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ter ido à Ucrânia e anunciado empréstimos no valor de US$ 1 bilhão.

De acordo com o comunicado feito pela União Europeia, o pacote de ajuda financeira visa auxiliar o governo interino ucraniano a promover as mudanças políticas e econômicas que o país vem tentando pôr em prática.

O pacote, que ainda precisa ser aprovado pelos chefes de Estado da União Europeia, e será apresentado em reunião extraordinária da Comissão Europeia nesta quarta-feira.

O pacote anunciado pela União Europeia é mais uma tentativa das potenciais ocidentais para diminuir a pressão das retaliações russas após a queda do ex-presidente Viktor Yanukovych, alinhado com o presidente russo Vladimir Putin. Na terça-feira (4), a petrolífera russa Gazprom anunciou que iria interromper o desconto no preço do gás natural vendido pela Rússia à Ucrânia.

O desconto vinha sendo concedido como parte de um plano de auxílio a ex-repúblicas soviéticas, mas a Rússia afirma que a Ucrânia não vem cumprindo acordos bilaterais.

A assistência será entregue em coordenação com o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento e com o Banco Europeu de Investimento, e depende em parte de a Ucrânia assinar um acordo com o Fundo Monetário Internacional.

“O pacote combinado pode levar um apoio geral de ao menos 11 bilhões de euros ao longo dos próximos dois anos, do orçamento da UE e de instituições financeiras internacionais baseadas na UE”, afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

A UE também planeja apresentar benefícios comerciais que a Ucrânia teria recebido se tivesse assinado um acordo de associação com a UE no ano passado, e trabalhará no fornecimento de energia para a Ucrânia através de “fluxos reversos” de gás a partir da UE.

As tensões na Ucrânia começaram quando o governo ucraniano recuou diante de um acordo de aproximação do país com a União Europeia. Após meses de protestos e mais de 100 pessoas mortas, o ex-presidente Viktor Yanukovich foi deposto. Em retaliação, a Rússia anunciou que não concederia o restante de um empréstimo de US$ 15 bilhões.

Na semana passada, militares tidos como pró-Rússia invadiram bases militares e tomaram o controle de dois aeroportos na península da Crimeia, república autônoma da Ucrânia onde a maior parte da população é de origem étnica russa.