Produzir, importar, distribuir e ainda exibir filmes. A família Lahdo era dona de uma produtora de filmes em Campo Grande em plena década de 1965 e realizava todas as etapas da indústria do cinema.

Produzir, importar, distribuir e ainda exibir filmes. A família Lahdo era dona de uma produtora de filmes em Campo Grande em plena década de 1965 e realizava todas as etapas da indústria do cinema.

Segundo relatos do livro Salas dos Sonhos, das jornalistas Marinete Pinheiro e Neide Fischer, a produtora dos irmãos Abdul Lahdo e Bernardo Lahdo produzia documentários, jornais cinematográficos e filmes.

O primeiro deles produzido inteiramente na Capital foi o “Paralelos Trágicos”, baseado no livro de mesmo nome, escrito por Bernardo. O filme apresenta imagens da cidade morena na década de 1960.

Para exibir estas e outras produções, a rede tinha dois cinemas: Acapulco e Jalisco. O Jalisco era um cinema com capacidade para apenas 153 pessoas e foi inaugurado em 1969, um ano antes do Acapulco, instalado na Rua 26 de agosto. Já o Jalisco foi construído na Rua 14 de Julho, entre as ruas Barão do Rio Branco e Dom Aquino.

Com os cinemas da rede Pedutti, os dois não tinham domínio do mercado cinematográfico na Capital, mas, da mesma forma, atraiam o público na época.

Diante da difícil concorrência os irmãos foram até São Paulo, fizeram convênio com empresas distribuidoras de filmes e traziam de lá os filmes em ‘primeira mão’, segundo a funcionária pública, Flaviana Miranda, que também elaborou um trabalho a respeito disso.

“Tinha o diferencial. Um filme de grande porte estreava no Alhambra, depois no Santa Helena e só depois nos outros. Com o convênio o Acapulco trazia primeiro. Tinha clientes cativos”.

Entre os primeiros filmes exibidos “O Exorcista” e “Poderoso Chefão”, recordes de bilheteria. “Eles conseguiram preços mais acessíveis do que nos outros e a qualidade era boa”.

Em busca de informações para seu trabalho, Flaviana conversou com um dos irmãos Lahdo, o Bernardo, que hoje está em viagem. Ela lembra que o filme Love History chegou a ficar três meses em cartaz, com lotação em todas as sessões. “As pessoas tinham que comprar com antecedência”.

Em 28 de fevereiro de 1983, depois de tantos anos, os donos fecharam, simultaneamente, os cinemas Jalisco e Acapulco. Os prédios que abrigavam as salas ainda pertencem à família Lahdo, mas, infelizmente a história em um deles foi destruída.

“Em 2010, aconteceu um incêndio no Acapulco, já fechado. Não tinha ninguém, mas tinha filmes da época, cartazes, a mobília, até hje se entrar vê que ainda tem coisa que foi distribuída pelo fogo”.