Pesquisadores da Universidade de Fortaleza (Unifor) inseriram genes humanos para criar a primeira cabra transgênica da América Latina. O objetivo é usar o leite do caprino no tratamento de portadores de um distúrbio metabólico que provoca a doença de Gaucher.

“Para nós, é um marco muito importante. É o primeiro clone transgênico de caprino da América Latina. Ela recebe um acompanhamento clínico diário. Podemos dizer que está completamente saudável e ativo”, afirma o doutor em fisiologia, Marcelo Bertolini. O filhote foi batizado com o nome de “Gluca”, ao nascer no último dia 27 de março.

O nome tem a ver com a proteína humana “glucocerebrosidade”. A esperança é de que a cabra transgênica seja capaz de produzir em seu leite essa substância – que falta no organismo de algumas pessoas e pode comprometer várias órgãos. O tratamento convencional, com reposição enzimática, tem altos custos.

“Desde a década de 1990, o Brasil importa proteínas para o tratamento. É uma das doenças que o Ministério da Saúde tem mais gastos para custear o tratamento de cerca de 600 pacientes. É um custo de R$ 180 milhões a R$ 200 milhões. Esse animal vislumbra a possibilidade de que a gente produza essa proteína no Brasil o que baratearia os gastos”, afirma o Bertolini.

A pesquisa tem colaboração de estudantes doutorandos em Biotecnologia e dos cursos de Farmácia, Fisioterapia e Medicina da Unifor. O projeto tem aporte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com a fazenda Agropecuária Esperança Ltda, a empresa Quatro G Pesquisa e Desenvolvimento (Parque Tecnológico da PUC do Rio Grande do Sul).