O sonho da casa própria pode virar pesadelo para as 482 famílias contempladas 

O sonho da casa própria pode virar pesadelo para as 482 famílias contempladas com as unidades habitacionais construídas no Residencial José Maksoud, localizado na Vila Moreninha IV, região urbana do Bandeira em Campo Grande. Durante a entrega simbólica das chaves, realizada na manhã desta quinta-feira (27), alguns moradores reclamaram de infiltrações e rachaduras nos imóveis.

Os mutuários contemplados são famílias que viviam em condições de risco e de extrema pobreza em áreas ocupadas nas favelas Horta, Linhão, Mário Covas, Cohab Universitária, Ametista, Perpétuo Socorro, Itamaracá e Colibri. Os beneficiários foram cadastrados na Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) há três anos e não pagarão as parcelas.

A construção que recebeu investimento de R$ 27.817.897,63, entre recursos do governo federal, do Orçamento-Geral da União e do Município, teve início na gestão do ex-prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho (PMDB) e deveria ser entregue em outubro de 2012. Além da insatisfação com o atraso de mais de dois anos, as condições dos imóveis não agradaram as famílias contempladas.

A moradora Jucelina Cardoso, disse que morava em um imóvel escriturado no Jardim Colibri e foi informada de que teria de desocupar a área que será demolida. “Pediram para eu sair da minha residência porque vão derrubar e vou ter de morar em uma casa que já está rachada e com infiltrações. Estou desesperada”, declarou.

Marilza de Souza, de 51 anos, também ficou insatisfeita e preocupada com a situação. “O residencial foi construído em cima de um manancial. A estrutura não vai resistir. Já tem rachaduras”, observou. O conselheiro regional Jurandir Domingues de Oliveira, negou o fato, mas admitiu que há problemas em relação ao lençol freático.

“Nesse terreno havia uma horta e há muitos anos, na gestão do ex-prefeito Juvêncio César da Fonseca, iniciaram a construção de um cemitério, mas a obra foi interrompida por conta do lençol freático que é muito alto”, explicou.

Além dos problemas de rachadura e infiltração, Marilza reclamou ainda sobre a distribuição das casas. Ela disse que tem uma filha que mora em uma casa construída em cima de uma fossa e que o imóvel corre risco de desmoronar, mas que apesar da situação, a filha não foi contemplada, enquanto outros moradores em situação melhor, receberam as casas. Além disso, ela reclama ainda de ter perdido a fonte de renda da família. “Eu tinha um pequeno comércio na minha antiga casa e agora não sei de onde vou tirar dinheiro”, lamentou.

Quanto à denúncia de infiltração e rachaduras, a equipe de reportagem do Jornal Midiamax constatou que em uma das casas que apresentava rachaduras, quando a parede era tocada, escutava-se um barulho como se estivesse oca, ou com reboco prestes a se soltar. 

Sem água e energia elétrica – As famílias contempladas ainda não receberam as chaves dos imóveis porque os serviços de água e energia elétrica ainda não foram disponibilizados. De acordo com a diretora-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) Marta Lúcia da Silva Martinez, os serviços de água e energia não foram ligados por conta de problemas na documentação de alguns mutuários.

Segundo a diretora-presidente da Emha, esses problemas impediram que algumas questões fossem solucionadas dentro da data prevista para a entrega. Marta afirmou que 100 beneficiários tiveram problema com a documentação e outros 30 tiveram os documentos extraviados. em ambos os casos, ela disse que a Caixa Econômica federal já está trabalhando para resolver as pendências.