A Polícia Federal brasileira e a Interpol estão organizando uma ação conjunta com a Argentina e o Uruguai para controlar a entrada de torcedores durante os jogos da Copa do Mundo no Brasil, segundo informações passadas pela polícia à BBC Brasil.

“A Polícia Federal do Rio Grande do Sul tem sete delegacias na fronteira com a Argentina e com o Uruguai que serão reforçadas em razão do controle migratório, que é atribuição da instituição”, informou a assessoria de imprensa, no escritório de Porto Alegre.

Policiais federais dos três países tiveram as primeiras reuniões em dezembro para detalhar a operação voltada para o Mundial.

“O foco das reuniões foi identificar as principais rotas de entrada dos torcedores desses países em razão da Copa de 2014, que tem o Rio Grande do Sul como uma de suas sedes, e obter informações sobre as características das torcidas”, disseram.

Novas reuniões serão realizadas antes do Mundial, em junho, mas as diretrizes já foram definidas, segundo contou à BBC Brasil o diretor de combate ao crime organizado da Interpol no Uruguai, o inspector José Izquierdo.

‘Barra Bravas’

Ele disse que a maior preocupação é com os “torcedores violentos”, especialmente os conhecidos como barra bravas.

O nome barra bravas designa torcedores violentos em vários países da América Latina. Mas a maior preocupação, segundo sugeriu o inspetor da Interpol no Uruguai, seria com os barras argentinos, já que a seleção do país jogará na capital do Rio Grande do Sul.

“Nossa maior preocupação é com os torcedores barra bravas que atuam nos jogos da Argentina ou mesmo aqui no Uruguai. E eles, argentinos, já estão se organizando para viajar por terra para Porto Alegre, onde a seleção argentina vai jogar”, disse Izquierdo.

Na Argentina, há barras entre torcedores de diversos clubes e muitos têm passagem na polícia. A violência provocada pelos barras dentro e na saída dos estádios tem sido um problema sério na Argentina.

Na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, vários “barras” foram deportados para Buenos Aires, o que muitos, na Argentina, consideraram uma “vergonha” para o país.

Izquierdo disse que para chegar a Porto Alegre, estes torcedores, em particular os que moram na grande Buenos Aires, poderiam passar pelo Uruguai atravessando as fronteiras de Rivera-Santana do Livramento e Chuy-Chuí. Nestes locais, disse, o plano conjunto prevê que o policiamento deverá ser reforçado.

Alerta

A operação conjunta dos três países prevê que as autoridades da Argentina e do Uruguai “alertem” o Brasil para o caso de grupos ou indivíduos com históricos de violência.

“A ideia é trocar informação e monitorar aqueles que já têm antecedentes de violência”, disse Izquierdo. Segundo ele, os policiais não poderão reter os documentos dos suspeitos, mas “alertar” as autoridades brasileiras.

“Vivemos a livre circulação de pessoas (no Mercosul), mas faremos o alerta”, afirmou o inspetor.

No ano passado, grupos de barras do Velez Sarsfield, da Argentina, em um jogo contra o Peñarol, do Uruguai, foram apontados pela polícia e imprensa local como responsáveis por episódios de violência no estádio Centenário, de Montevidéu.

Na ocasião, a imprensa uruguaia informou que a polícia local chegou a ser avisada que haveria truculência promovida pelo grupos mais radicais.

“A operação policial foi bem planejada, porém mal executada”, disse, na ocasião, o ministro do Interior do Uruguai, Eduardo Bonomi, de acordo com a imprensa local. Em uma reportagem recente, o El País, de Montevidéu, informou que a polícia já fotografou os mais violentos dos times do Uruguai e que muitas vezes os grupos surgem dos bairros onde os torcedores moram.