O STF (Supremo Tribunal Federal) cassou a liminar que suspendia a circulação da edição da revista IstoÉ desta semana que cita políticos beneficiados com o suposto esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. A liminar foi concedida a pedido do governador do Ceará, Cid Gomes (PROS).

O governador entrou na Justiça porque seu nome é citado em uma reportagem da revista sobre a delação premiada do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A decisão foi do ministro Luis Roberto Barroso que cassou a liminar deferida por Maria Marleide Maciel Queiroz, da 3ª Vara de Família de Fortaleza, a pedido de Cid Gomes.

A publicação listou mais quatro nomes de políticos, incluindo o candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, senador Delcídio do Amaral (PT), o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Eles supostamente teriam sido citados pelo ex-diretor da Petrobras como beneficiários do esquema de corrupção na estatal. Mas a informação não tem confirmação oficial.

O texto, que chegou a ser reproduzido em jornais locais, foi tirado do ar pela Revista IstoÉ. A versão eletrônica tinha ficado apenas algumas horas no ar e foi retirada com a decisão judicial. Ela já está disponível. 

Mesmo assim, a distribuição de publicações regionais com referências e reproduções da notícia da IstoÉ chegou a virar caso de polícia no domingo (14). Delcídio disse que suspeita de que o material tenha sido ‘plantado’ pelo candidato ao governo do PMDB, Nelson Trad Filho. O peemedebista nega participação.

“É uma matéria plantada. E o pior, sem consistência alguma. É tão desprovida de qualquer verdade que a própria revista tirou do ar ontem mesmo. Eles quiseram atacar especificamente Mato Grosso do Sul e criar um factoide por absoluto desespero. Vamos tomar providências de caráter jurídico e ir até as últimas consequências. O candidato deu um tiro no pé”, afirmou Delcídio na ocasião.

Delcídio citou ainda que o texto veiculado por algumas horas pela IstoÉ continha ‘erros graves de informação’. Ele se refere ao erro da revista em citá-lo como ex-filiado ao PFL, partido do qual o senador jamais fez parte. O petista acusou o “texto publicado serve unicamente como tiro de festim para que candidatos desesperados utilizem contra adversários, inclusive e principalmente no Mato Grosso do Sul”.

‘Adivinho’

O pivô das suspeitas sobre a notícia veiculada pela revista de circulação nacional e depois removida do ar no website da publicação é uma entrevista que Nelsinho deu na sexta-feira (12), durante reunião na Seleta sobre estratégias de campanha com lideranças do interior, em que ele ‘adivinha’ o fato e avalia que seria algo capaz de ‘colocar gente em maus lençóis’.

Nelsinho, que perdeu o segundo lugar para o candidato do PSDB, Reinaldo Azambuja, foi questionado por repórteres sobre o desempenho até o momento. Em resposta, afirmou: “Cada um tem virtudes, cada um tem defeitos. A vida é assim mesmo. Mas eu entendo que nessa eleição os três vão chegar embolados porque vai haver denúncias aí na revista no final de semana que vai colocar gente em maus lençóis”.

Esta afirmação fez com que Delcídio suspeitasse que o candidato houvesse plantado a matéria na revista. Ao Midiamax, Nelsinho Trad negou as acusações e garantiu que a ‘premonição’ afirmação não teria passado de ilação.

“Eu reajo com ironia à acusação do candidato Delcídio e digo que esta é uma grande piada. Não precisa ser nenhum adivinho para poder supor uma situação como esta. Se ele é tão atento assim deveria observar que o que eu fiz foi reproduzir o comentário do jornalista Alexandre Garcia”, disse Nelson Trad Filho.

“Em nenhum momento eu falo o nome do Delcídio no áudio. Acho que o senador tem todo o direito de se defender, mas ele deve se explicar para a sociedade”, esquivou-se Nelsinho.

(Atualizada às 12h41 do dia 18 de setembro para acréscimo de informação)