Um grupo de aproximadamente 30 indígenas Terenas se reuniu na manhã desta segunda-feira (25), no prédio da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Campo Grande, para esclarecer o motivo que os levou para invadir a Fazenda Querência São José, em Sidrolândia. A sessão ocorreu antes da audiência entre o MPE (Ministério Público Estadual), AGU (Advocacia Geral da União), Funai, indígenas e fazendeiros que está marcada para às 14 horas de hoje, na Justiça Federal, no Parque dos Poderes, na Capital.

Eles explicaram que não se trata de invasão e sim de uma retomada da terra. Segundo os Terenas, dois estudos, um feito pela Funai, e outro pela Justiça Federal, comprovaram que o território da fazenda é terra indígena. Eles reclamam um total de 17 mil hectares, desde o ano de 2000. Dos 300 hectares da Fazenda Querência São José, 60 estão ocupados por famílias indígenas.

Os cinco mil índios terenas ocupam uma área de 2,090 mil hectares – entre os municípios de Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, distantes a 83 e 71 km de Campo Grande, respectivamente –a área está ao lado dos 17 mil hectares que eles brigam na Justiça para retomar.

O ancião indígena, Noel do Patrocínio, explica que eles querem apenas um pedaço de tudo que já foi deles. “Quando vocês brancos chegaram aqui o que tinha? Índio e mata virgem. Queremos apenas uma parte do que sempre foi nosso”, diz.

Noel fala ainda que os índios, assim como ‘os brancos’ querem um lugar para viver, para ver os filhos crescerem e se formarem. Ele inclusive pontua que a possibilidade de educação dos índios mais jovens que fez com que eles abrissem os olhos para os próprios direitos.

A invasão

Em 5 de fevereiro, um grupo de indígenas ocupou a fazenda Querência São José, em Sidrolândia. Dois dias depois, o jornal Midiama foi ao local e tentou entrar em contato com os indígenas e com a proprietária da fazenda, Maria de Lourdes Bacha, 81 anos. Os terenas não quiseram conversar com a reportagem.

Já Maria de Lourdes, na data, disse que diferente das outras duas invasões que ela já havia vivenciado na fazenda, na última os indígenas agiram agressivamente. Ela contou que árvores da propriedade foram derrubadas e todas as entradas fechadas.

A PF (Polícia Federal) foi acionada e interviu para evitar confrontos. A aldeia Buriti sofre investigações da PF desde 2011, quando por meio de denúncias seis líderes indígenas foram presos e sete armas foram apreendidas.

Nas invasões anteriores Maria Lourdes obteve ganho de causa na Justiça. A intenção dos Terenas é ampliar a aldeia Buriti de 2.090 hectares para 17 mil hectares.